Evento realizado na Secretaria de Desenvolvimento Social em
parceria com o Conselho Estadual da Condição Feminina contou com a participação
do secretário Hamam
A data 25 de novembro é o Dia
Internacional de Luta
Pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. Em função disso, a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social (Seds), em
parceria com o Conselho Estadual da Condição Feminina (CECF), promoveu
um Seminário para tratar do tema nesta
segunda-feira, na capital paulista. A
abertura contou com a presença do secretário estadual Rogerio
Hamam; da presidente do
Conselho, Rosmary Correa;
da presidente da Comissão da Mulher
Advogada da OAB/SP, Kátia Boulos; da promotora Gabriela Mansur; e do médico do Hospital Pérola Byington,
Jefferson Drezett.
No
Seminário, foram tratados assuntos como a evolução do papel da mulher na
sociedade, o papel da família no contexto de agressão contra a mulher, violência sexual,
Lei Maria da Penha e a ressocialização do agressor,
entre outros.
Hamam enfatizou
a importância de
usar datas emblemáticas, como o Dia Internacional de Luta Pela Eliminação da Violência Contra a
Mulher, para ampliar o debate e a reflexão em busca de soluções e
políticas públicas mais efetivas. "O tema
é complexo e
demanda ações articuladas que
ultrapassam a assistência social. Envolve as áreas da segurança, da saúde e
da justiça, por exemplo. No
Brasil, 23% das mulheres sofrem violência doméstica e esse número é muito
grave", afirmou.
Rita
de Cássia Quadros
Dalmaso, coordenadora estadual de Ação Social, enfatizou que a mulher tem conquistado mais
espaço na sociedade, ocupando mais cargos
de chefia em empresas e no governo. "Em
contraponto, há o lado obscuro
que é a violência doméstica. A Assistência Social atende e prioriza
a mulher, pois é
ela, em geral, que procura socorro em favortambém de sua família. Espero que ao
sairmos deste Seminário, estejamos mais
mobilizados e fortes
para o enfretamento da violência", disse na abertura.
Esclarecendo a questão
A delegada Rosmary
Correa falou sobre
"Desafios e Conquistas
das Mulheres". Entre
os avanços, destacou a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina
(1983), que atualmente
preside; a implantação da primeira
Delegacia da Mulher no mundo (São Paulo, 1985), da qual foi sua primeira delegada titular; e o primeiro abrigo para
vítimas da violência doméstica (1986).
Depois disso ainda
falou sobre a
implantação da Secretaria
Nacional de Políticas para as Mulheres (2003) e a aprovação da Lei
Maria da Penha
(2006), além de
pactos, campanhas e programas nacionais.
"A Lei
11.340/06 existe, mas ainda
encontra muita resistência para que seja
aplicada na sua totalidade. Vários juízes negaram sua aplicação por
considerá-la discriminatória. Foi
preciso que a Advocacia Geral da União
entrasse com uma medida de constitucionalidade, para a lei
passar a ser aplicada", informou.
Rosmary também
falou dos novos
equipamentos e ações que estão
sendo viabilizados. "A
Casa da Mulher
Brasileira foi pensada
para ser implantada em
todas as capitais
do Brasil, onde funcionarão todos os serviços necessários
para as vítimas da violência doméstica e familiar, como delegacia, atendimento psicológico,
assistência social, em especial para
atender nas primeiras 48 horas
que a mulher precisar para pensar",
contou. Em São Paulo, o
equipamento deve funcionar no bairro Cambuci. As obras estão para iniciar,
segundo a delegada.
"Não podemos, de nenhum
modo, desistir. Uma coisa que nós, mulheres, temos é persistência",
finalizou.
"A violência contra
a mulher no
contexto jurídico-familiarista
contemporânea", foi apresentado por
Kátia Boulos, presidente da Comissão da
Mulher Advogada na
OAB/SP. Depois de mostrar imagens de uma mulher gravemente
violentada com ácido,
a palestrante apresentou
suas preocupações sobre o
contexto de "família" que está sendo debatido e onde centraliza o grande percentual de da
violência contra as mulheres.
Provocando a
plateia, perguntou "o
que é família, hoje?". E
usou as diversas denominações, incluindo uniões matrimoniais e
extramatrimoniais. Citou casos de
registro de crianças no Brasil que foram registradas por mais de três pessoas (pais biológicos e
adotivos, em geral). "Afetividade
não é princípio
jurídico, é sentimento,
diferente de igualdade", exemplificou.
Kátia Boulos
pontuou detalhes da Lei Maria da Penha, falou dos diversos tipos
de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial e
moral), além das formas de agressão doméstica (abuso físico, sexual,
psicológico, negligência e abandono). Por fim, falou que é preciso estruturar
melhor a rede de atendimento às
vítimas de violência
doméstica e familiar.
"Estamos lutando por direitos fundamentais. Precisamos nos unir, nos conectar, para mudar o mundo. Está tudo em
nossas mãos", finalizou.
Sobre a data - O dia 25 de novembro foi
escolhido como Dia Internacional de Luta Pela Eliminação da Violência Contra a
Mulher, em 1981, durante o I Encontro
Feminista Latino-Americano e do Caribe na capital da Colômbia, Bogotá.
A data está relacionada à morte de três irmãs, Pátria, Minerva e Maria
Teresa Mirabal, que foram assassinadas pela ditadura de
Leônidas Trujillo da República Dominicana. O Centro de
Liderança Global da Mulher sugeriu no
mesmo dia, em
1991, o início
da Campanha Mundial pelos
Direitos Humanos das Mulheres.
Conselho Estadual da
Condição Feminina
De responsabilidade da Secretaria
de Estado de Relações Institucionais, o Conselho Estadual da Condição Feminina
foi criado pelo Decreto n. 20.892,
de 4/4/1983, e
institucionalizado pela Lei n.
5.447, de 1/12/1986.
Integrado por representantes da
sociedade civil e do poder público, contribui para a formulação e faz o
acompanhamento das políticas públicas
referentes aos direitos da mulher.
O Conselho tem entre suas atribuições formular diretrizes e estimular,
em todos
os níveis da
administração direta e
indireta, atividades que
combatam a discriminação contra a
mulher e promovam sua plena integração
na vida socioeconômica e político-cultural.
Desenvolve também estudos e pesquisas
sobre o tema,
organiza encontros e
participa de eventos
nacionais e internacionais - como
a Conferência Nacional de Políticas para
as Mulheres e a Conferência Mundial da Mulher.
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