*Rubens Passos
Na reta final das eleições para a Presidência da República e
governos estaduais, muito pouco se tem abordado um dos principais fatores
capazes de impulsionar o desenvolvimento: a educação. Nos debates, todos os tipos
de problemas, acusações e escândalos
foram levantados, mas nada se falou de concreto a respeito do que os programas
de governo dos candidatos preveem para melhorar a situação do ensino no País.
A União tem condições de contribuir para o avanço da qualidade
das escolas públicas, embora a responsabilidade constitucional pela Educação
Infantil, Ensino Fundamental e o Médio seja de prefeituras e estados. Porém, o
Governo Federal e as demais unidades federativas não têm dado ao setor atenção
proporcional à sua importância para a formação de uma sociedade mais justa e
igualitária. De acordo com o Ideb — um indicador geral do desempenho dos alunos
nas redes privada e pública divulgado pelo Ministério da Educação no início de
setembro —, o Brasil ficou abaixo da meta projetada no ciclo final do Ensino
Fundamental (6º ao 9º ano) e no Ensino Médio.
O nosso grande desafio continua sendo melhorar o Ensino
Básico e evitar a evasão escolar. De acordo com os mais atualizados dados, em
2012 a taxa de abandono atingiu 24,3%. O índice é ainda mais preocupante se
comparado aos de nações vizinhas, como Chile (2,6%), Argentina (6,2%) e Uruguai
(4,8%). Um a cada quatro alunos que inicia o Ensino Fundamental no Brasil
abandona a escola antes de completar a última série. É o que indica o último
relatório sobre o tema do Pnud (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento).
Nesse sentido, uma das providências importantes é reduzir os
impostos incidentes sobre os materiais escolares. O Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário (IBPT) divulgou que esses artigos são taxados em até
47%, como no caso das canetas. Itens como apontador e a borracha escolar têm
alíquota de 43%; caderno universitário e lápis, 35%.
Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) estabelece o fim
dos impostos sobre os materiais escolares. Trata-se da PEC 24/2014, apresentada
pelo senador Alfredo Nascimento. Sua aprovação seria uma solução imediata para
a redução da elevadíssima carga tributária sobre material escolar existente no
País e uma forma de demonstrar que nossos parlamentares e governantes realmente
levam a sério o tema da educação.
Por todas essas razões, a Associação Brasileira dos
Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE) encaminhou aos
candidatos à Presidência da República e a cargos do Legislativo, reivindicação
de apoio à aprovação da PEC. É inadmissível que, em um país onde os políticos
repetem-se na afirmação de que o ensino é prioridade, convivamos com a elevada
carga tributária sobre o material escolar.
Já é hora de os governantes, parlamentares e os candidatos à
presidência e aos governos estaduais prestarem mais atenção e focarem seus
esforços em resolver esse problema tão grave. Ou alguém duvida que a
precariedade da educação pública é um dos obstáculos ao nosso progresso
socioeconômico?
*Rubens Passos é presidente da Associação Brasileira dos
Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE).
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