*Fernando Fornícola
Diariamente, somos bombardeados por informações acerca do
nível dos reservatórios que nos abastecem de água, nosso recurso mineral mais
precioso. No primeiro semestre de 2014, o Sistema Cantareira, responsável por
metade do abastecimento da Região Metropolitana, bateu recordes negativos dia
após dia. Até o volume morto (ou reserva técnica) foi utilizado pela primeira
vez na história. Trata-se de um reservatório de 400 milhões de metros cúbicos
de água, situado abaixo das comportas das represas que abrangem o Sistema
Cantareira. Tal medida se fez necessária, mas ainda assim, a solução paliativa
aumentou o nível do mesmo a apenas 18%, o que seria suficiente apenas até
novembro, de acordo com a Agência Nacional de Águas. Atualmente, o nível não
passa de 13%, de acordo com o portal da Sabesp.
O cenário descrito se dá, acima de tudo, pela falta de
chuva. Pode-se discutir a ausência de planos preventivos e emergenciais por
conta do poder executivo, mas o que não se discute é que estamos vivendo um
terrível período de seca. O mês de janeiro teve a pior média de chuva em 84
anos: apenas 87,8 milímetros, sendo que a média histórica do período é de 260
milímetros. Isso significa que, de uma vez por todas, precisamos adquirir
consciência coletiva. Chega de pensar apenas no momento. É necessário
visualizar o futuro. Como será o planeta que deixaremos para nossos filhos e
netos? A sociedade brasileira precisa se adaptar. Na Califórnia, os habitantes
se orgulham de andar de carro sujo. Enquanto isso, os brasileiros gastam litros
de água semanalmente para deixar seus veículos brilhando, quando poderiam
utilizar um simples aspirador de pó no interior dos mesmos.
Para tentar educar a população, o Governo determinou que a
partir do mês de maio os consumidores que ultrapassarem a média do consumo
apurado nos últimos meses deverão pagar uma multa equivalente a 30%.
Entretanto, a medida não é eficaz em todos os casos. Alguns condomínios,
principalmente os antigos, têm conta de água compartilhada. Ou seja, os
moradores recebem uma fatura que engloba todos os apartamentos, assim como as
áreas comuns. Isso faz com que algumas pessoas não se esforcem pela economia,
já que acabará pagando a mesma conta que o vizinho que gasta de maneira
abundante. É como o sujeito que vai a uma confraternização com os colegas de
trabalho e pede prato e bebida mais caros, sabendo que a conta será dividida
com todos da mesa. No caso dos novos empreendimentos, as construtoras já são obrigadas
a entregá-los com individualização de hidrômetros, o que deixa cada um
responsável por seus gastos.
Podemos tomar uma série de providências em nossas casas, que
contribuem com a coletividade. Em fevereiro deste ano, a Habitacional,
administradora imobiliária da qual sou presidente, iniciou uma grande campanha
de conscientização. Desde então, houve uma economia média de 12,32% no consumo
de água. Essa redução ocorreu em todas as regiões de São Paulo, não apenas
naquelas que são abastecidas pelo Sistema Cantareira. Isso prova que pequenas
atitudes como as listadas abaixo, podem ser cruciais para alcançarmos grandes
resultados coletivos:
No banheiro:
· Manter a torneira
fechada enquanto se escova os dentes gera economia de até 11,5 litros de água;
. O mesmo
procedimento ao fazer a barba, pode poupar até 9 litros;
· Não utilizar o vaso
sanitário como lixeira. A cada acionamento de 6 segundos, gasta-se de 10 a 14
litros de água.
· Tomar banhos mais
curtos, mantendo o registro desligado para ensaboar-se. A economia varia de 90
a 162 litros;
Na Lavanderia:
· Manter o registro fechado ao ensaboar e esfregar as
roupas. A cada 15 minutos de água averta, 270 litros de água são liberados (o
dobro de um ciclo completo de lavagem em uma máquina de 5 kg).
· Acumular roupas e lavá-las de uma vez quando utilizar a
máquina;
No quintal ou no jardim:
· Lavar o carro com
balde, ao invés de mangueira, gera economia de até 176 litros;
· Regar plantas com
regador ou mangueiras com ‘esguicho revólver’ pela manhã ou pela noite (para
evitar evaporação), gera economia de até 96 litros;
· Substituir a mangueira pela vassoura na hora de limpar a
calçada evita desperdício de 279 litros a cada 15 minutos;
Na cozinha:
· Fechar bem a
torneira, pois 40 litros de água por dia estarão sendo desperdiçados com um
simples gotejamento;
· Limpar bem os restos de comida de pratos e panelas antes
de lavá-los, para que a sujeira não venha a entupir os ralos;
· Manter a torneira fechada ao ensaboar a louça economiza de
97 a 223 litros.
· Utilizar a máquina ‘lava-louças’ apenas com capacidade
total;
A criatividade é sempre bem vinda nesse caso. Conheço
pessoas que deixam um balde embaixo do chuveiro e reaproveitam aquela água fria
que seria desperdiçada para lavar roupas. O bom senso no consumo da água
beneficia a todos, sem exceção.
*Fernando
Fornícola é presidente da Habitacional e diretor de Marketing da Associação de
Adm. de Bens, Imóveis e Condomínios de
São Paulo
**Dot News
Comunicação
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