*Odair J. Comin
Nossa vida se dirige para o futuro, disso todos sabemos e
melhor se conseguirmos manter essa direção, mas é importante lembrar que ainda
não chegamos lá. E quando confundimos, perdemos o presente, o real. Podemos
dizer, sem receios, que a famigerada ansiedade, é o grande algoz do homem
moderno, e do próprio viver. Ela faz concessões o tempo todo, mas sua moeda de
troca não tem valor algum. Apenas uma promessa de dividendos, que não dá
garantia alguma, e na maioria das vezes não entrega.
A ansiedade é uma dama extremamente sedutora, suas
estratégias são pautadas em nossos desejos, vontades, nossos medos, angústias.
Quanto mais conhecemos alguém, mais seremos capazes de seduzir. Sendo este
sentimento um produto nosso, por certo nos conhece bem e usa esse conhecimento
para nos envolver em sua miríade de promessas. Na medida em que a sedução só
mostra o que não é, vende o que não tem. Aquele que cede aos seus encantos está
fadado à decepção, e porque não dizer à destruição. Isso feito com crueldade,
requinte, sutileza e lentamente.
A ânsia chega sorrateira, estuda o ambiente, estuda a
personalidade. Chega a pedir licença, esbanja polidez, mas não se iludam. Logo
estará ordenando, pressionando, tirando o seu sono, alterando seu humor,
embaralhando seus pensamentos, roubando-lhe o real e brevemente você se tornará
refém do futuro. Não se deixe seduzir. Não sacrifique o presente em prol de
incertezas. Esteja aonde a vida realmente acontece. O amanhã é uma bolha de
sabão, só é possível colher o dia e tocar o que está a sua frente. Porque
quando você cria o hábito de flertar com o porvir, se descola do agora e começa
a viver uma fantasia. Sofre porque o ideal da mente, não condiz com o real da
vida.
O
futuro te faz bem ou mal? É seu carrasco ou seu salvador, seu mestre, seu
senhor, lhe dá ou tira a vida? Se queres viajar no tempo, tenha consciência de
que é apenas uma viagem fantástica. Use-a para se divertir, não para se
martirizar, sofrer ou se machucar. O futuro vive de promessas, e é o
melhor que ele pode fazer, e se você acha que pode viver de juras, então
precisa rever seus conceitos. O presente nem sempre é um mar de rosas, disso
sabemos todos, mas é verdadeiro, é o que é. Não há vida no abismo, e
quando você tenta dar o segundo passo sem ter dado o primeiro, ele te engole.
Liberte-se do futuro e aprenda a lidar com o real de forma saudável.
*Odair
J. Comin é Psicólogo Clínico e Escritor, autor do livro “Mestre das Emoções”
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