Desemprego: você está preparado
financeiramente?
O desemprego cresceu no Brasil. Segundo dados divulgados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de
desocupação no país ficou em 6,2%, em março deste ano. O índice é o mesmo
registrado em março de 2012 e o maior desde maio de 2011, quando chegou a 6,4%.
Além disso, ainda segundo a pesquisa, o rendimento do trabalhador caiu 3%. Mais
gente desempregada e mais gente ganhando menos. Podemos considerar esses números
como reflexo do atual momento econômico que o país enfrenta.
A saída súbita de um emprego, em qualquer situação, causa
certa dificuldade e mexe, na maioria das vezes, fortemente com nossas emoções.
E poderia ser diferente? Não. O local de trabalho não é simplesmente um lugar
onde ganhamos nosso dinheiro. Lá, nós construímos relacionamentos, amizades,
aprendemos competências que não foram ensinadas nas universidades, etc. É um
ambiente muito rico para o campo das emoções e sua mudança, em qualquer situação,
balança as pessoas.
Falei do fato subjetivo, mas busco tratar de outro ponto
nesta reflexão: a questão objetiva. Como devemos lidar com uma situação de
perda de emprego e, consequentemente, de renda? Mesmo com as garantias
financeiras que o Estado paga ao perdermos o emprego, como o seguro-desemprego
e valores da rescisão trabalhista, na maioria dos casos, ainda sofremos com a
falta de dinheiro. A saída é uma só: possuir reservas financeiras adequadas
para situações de mudança, como a perda de um emprego.
O brasileiro tende a achar que o Governo tem que lhe ajudar
nessas situações, mas convenhamos, as ajudas citadas podem atender uma situação
de mudança rápida, mas são insuficientes para uma perda de emprego, onde a
relocação no mercado de trabalho pode demorar mais que um ano. Quanto menos
dependermos da ajuda dos outros, melhor será para nos tornarmos capazes
financeiramente.
Tenha uma coisa em mente: quanto maior for a sua “reserva de
emergência”, mais protegido você está. Vários autores divergem sobre qual o
valor, contado em meses, devemos ter para conseguir manter um padrão de vida no
período de desemprego. Vamos a um caso prático: se uma pessoa gasta R$ 2 mil
por mês espera-se que tenha pelo menos um ano de reserva de emergência, no
caso, R$ 24 mil. Alguns defendem um valor menor de reserva, mas eu, que já
troquei de emprego algumas vezes no passado, penso que fazer um planejamento
para se sustentar por um ano, ainda mais se a pessoa for responsável por um
grupo familiar, é um prazo ideal.
Diversas ações podem te ajudar a economizar enquanto ainda
está empregado (já pensando no pior). Por exemplo: se mudar para um lugar onde
o aluguel seja mais barato e mais próximo de pontos de ônibus e metrô; utilizar
marmitas no trabalho com alimentação mais saudável e equilibrada; avaliar
trocar o serviço de uma empregada por uma faxineira; e vender tudo que não usa
há mais de dois anos e pagar todas as dívidas que você tenha, mesmo as sob
controle. Aqui, vale a pena chamar toda a família e avaliar novas formas de reduzir
gastos.
Ser demitido ou sair de um emprego em uma situação aonde a
economia do país vai bem, é uma coisa. Perder o trabalho no atual momento de
crise econômica em que vivemos, é outra bem pior. Fazer um planejamento
financeiro para conseguir se sustentar por um ano já te dá certa tranquilidade
para reorganizar a vida e conseguir uma recolocação no mercado. Não devemos ser
paranoicos, mas sim cautelosos. Isso nunca prejudicou financeiramente ninguém,
só ajudou!
*Lélio Braga Calhau é Promotor de Justiça de defesa do
consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia pela
UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ e Coordenador do
site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".
**InformaMídia Comunicação
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