Inadimplência em alta – conheça os
pecados que levam a esse problema
Em março, aproximadamente 54,7 milhões de consumidores
brasileiros estavam com os nomes negativados, isto é, inscrito no SPC. Os dados
são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Esse número representa um aumento de 3,76% em relação ao
mesmo período do ano passado. Contudo, o mais assustador é que a quantidade de
inadimplentes equivale a 37,5% da população economicamente ativa entre 18 e 95.
O educador financeiro, presidente da Associação Brasileira
de Educadores Financeiros, Reinaldo
Domingos, fala que os números alarmantes nós já sabemos e muitos irão
rapidamente relacionar o momento de crise e instabilidade econômica que vivemos
como o principal problema. “Com certeza, isso tem reflexo nos números, mas
repare que, mesmo antes desse período de dificuldades, a quantidade de
inadimplentes já era alta. Enfim, existem outros fatores que geram essa
situação e, para melhor entendimento, decidi detalhar os sete principais
pecados que levam as pessoas a se tornarem inadimplentes:
Falta de educação financeira: sem possuir educação
financeira, as pessoas não conhecem sobre a importância do dinheiro e as formas
corretas de utilizá-lo, então, ficam a um passo das dívidas. Isso acontece com
a maior parte da população, pois nem os pais e nem as escolas ensinam isso para
as crianças e adolescentes e depois que crescem, ficam expostos a sociedade de
consumo, na qual esse tipo de informação não é interessante. O caminho para
sair desta situação é buscar cursos e livros sobre o tema. Também é fundamental
a preocupação com as crianças, ensinando de forma lúdica e solicitando a
inserção deste nas escolas.
Falta de planejamento: as pessoas não sabem para onde vai o
dinheiro que recebem e não possuem controle. Isso é reflexo direto do pecado
anterior, as pessoas ganham e gastam sem controle nenhum ou com um controle
superficial, não se dando conta que o descontrole financeiro não acontece nos
grandes gastos, mas sim nos pequenos. Para evitar que isso ocorra, o correto é
o preenchimento de uma caderneta diária de todos os gastos, que chamamos de
apontamento, e realizar uma planilha mensal por três meses, conhecendo, assim,
os seus verdadeiros números.
Marketing e publicidade: a suscetibilidade às ferramentas de
marketing e publicidade faz com que as pessoas comprem o que elas não precisam.
Isso acontece diariamente por meio de ações expostas na televisão, nas ruas, no
trabalho. As mensagens são muitas e as pessoas passam a acreditar que parte do
que é oferecido é realmente necessário. O caminho para evitar esse problema é
não comprar por impulso; o ideal é se questionar se realmente precisa desse
produto, qual a função que terá em sua vida, etc. Também é interessante deixar
a compra para outro dia, quando terá refletido sobre se quer realmente o
produto.
Crédito fácil: buscar ferramentas de crédito fácil, como
empréstimos, crediários, financiamentos, limite do cheque especial ou pagar o
mínimo de cartão de crédito já é uma forma de endividamento. O mercado oferece
milhares de produtos de fácil acesso, contudo, os juros cobrados são abusivos e
fazem com que a inadimplência se torne alta. Assim, a solução é evitar esses
meios. No caso de cartão de crédito, o ideal é ter só um e, em caso de
descontrole, até mesmo eliminar. Também é interessante não ter limite de cheque
especial e evitar os empréstimos e crediários.
Parcelamentos: ao parcelar as compras, as pessoas não
percebem que já estão se endividando. Para piorar, muitas vezes, o consumidor
esquece de colocar esses valores no orçamento, o que pode comprometer
seriamente as finanças. Um parcelamento, na verdade, é uma forma de crédito,
pois você está usando um dinheiro que não possui para comprar um produto. Caso
seja fundamental parcelar, deverá constar no orçamento mensal da pessoa, que
sempre que receber seus rendimentos, separará parte do valor para pagar essa
dívida. Também é interessante ter uma poupança paralela, para que, em caso de
imprevistos, tenha como arcar com esses valores.
Falta de sonhos: não ter objetivo para o dinheiro causa
inadimplência. Se a pessoa não tem determinado o objetivo para o dinheiro,
gastará de forma irresponsável, levando ao endividamento. Isso ocorre muito
pela falta de capacidade das pessoas de sonharem, vivendo apenas o presente.
Para sair deste problema, é recomendável fazer um exercício simples, refletir
sobre quais são realmente os seus sonhos, o que se quer para o futuro. Tendo
isso estabelecido, deve cotar os valores e determinar parte de seu dinheiro,
quando recebê-lo para esse fim. Com isso em mente, será muito mais difícil cair
nas armadilhas do consumismo e crédito fácil.
Necessidade de status social: acreditar que consumir é
importante para ser aceito socialmente faz com que as pessoas comprem sem ter
condições. Isso porque acreditam que possuir alguma coisa é o que fará a
diferença para os outros, e não o que ela realmente é. Isso é um valor errado
de que ter produtos é sinônimo de felicidade. O consumo dessa maneira irá
apenas suprir a dificuldade de relacionamento interpessoal. A solução para esta
questão é ter objetivos claros e perceber que é muito mais importante ter
conteúdo do que ter produto.
“Ao citar esses sete erros que levam à inadimplência, não
quer dizer que não existam outros, mas acredito que esses sejam vitais para que
uma pessoa ou família se atentem. Quem investe em seus conhecimentos, tem maior
chance de se dar bem na vida e, quem tem a educação financeira como um dos
requisitos básicos para se viver bem, certamente, poderá desfrutar muito melhor
desta vida. Enfim, vamos todos investir em nossa saúde financeira para dar
sustentabilidade às nossas principais saúdes: física, mental e espiritual”,
conclui Reinaldo Domingos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário