Jovens brasileiros
reconhecem o machismo na sociedade, mas ainda concordam com os padrões
conservadores, revelam pesquisas feitas pelo Instituto Avon
Segundo dados do
Instituto Avon em parceria com o Data Popular,
52 milhões de brasileiros confirmam que possuem algum conhecido, parente
ou amigo que já foi violento com a parceira. No entanto, apenas 9,4 milhões de
homens admitem que já tiveram tal atitude.
Apesar de 96% dos jovens brasileiros reconhecerem que
existe machismo no Brasil, a maior parte ainda aprova valores machistas e
reprova comportamentos não conservadores da mulher. É o que revela a pesquisa
Violência contra as mulheres: os jovens estão ligados?, divulgada pelo
Instituto Avon e pelo Data Popular em 2014.
A pesquisa mostra que para 51% dos entrevistados, a
mulher deve ter a primeira relação sexual com um namorado sério; 41% concordam
que a mulher deve ficar com poucos homens; para 38% a mulher que tem relações
sexuais com muitos homens não é para namorar e 25% afirmam que se uma mulher
usa decote e saia curta, é porque está se oferecendo para os homens.
Para o diretor-executivo do Instituto Avon, Lírio
Cipriani, a mudança de percepção é fundamental para mudar o cenário da
violência contra a mulher no país. “É alarmante saber que grande parte das
mulheres brasileiras já foram ou serão, de alguma forma, assediadas ou
desrespeitadas. Este cenário precisa mudar e, para tanto, é preciso promover
uma mudança cultural sobre o papel de cada um no enfrentamento a violência com
a mulher e sensibilizar a população para importância da convivência pacífica e
respeitosa entre homens e mulheres”, disse.
O estudo também mostra que cerca de 79% das jovens
brasileiras já foram assediadas, receberam cantadas ofensivas, violentas e
desrespeitosas ou foram abordadas de maneira agressiva em festas ou em locais
públicos. Além disso, 44% das entrevistadas já foram assediadas ou tiveram o
corpo tocado por um homem sem consentimento em festas. Além disso, 30% alegaram
já terem sido beijadas à força.
Quase metade (45%) das mulheres entrevistadas tiveram que
tomar alguma atitude mais severa para evitar o assédio do ex após o término de
um relacionamento: 26% bloquearam o endereço de e-mail do ex-parceiro e 25%
pararam de ir a locais que frequentavam com regularidade. Além disso, 37% das
mulheres já tiveram relações sexuais sem camisinha por insistência do parceiro.
Outra pesquisa do Instituto Avon em parceria com o Data
Popular (Percepções dos homens sobre a violência doméstica contra a mulher –
2013), mostra que 56% dos homens admitem ter cometido alguma atitude
caracterizada como violência, como xingamentos, empurrões, ameaças, agressões
físicas, humilhação, obrigar a fazer sexo sem vontade ou ameaças com armas.
Além disso, a pesquisa aponta que cerca de 52 milhões de
brasileiros confirmam que possuem algum conhecido, parente ou amigo que já foi
violento com a parceira. No entanto, apenas 9,4 milhões de homens dizem que já
tiveram tal atitude. “Estes números revelam que alguns comportamentos ainda não
são vistos como violentos. A pesquisa também mostra que, dentre os homens que
cometeram agressão, a minoria cometeu uma dessas atitudes apenas uma vez”,
explica Mafoane Odara, coordenadora de projetos do Instituto Avon.
O estudo Percepções dos homens sobre a violência
doméstica contra a mulher também mostra que:
. 85% acham
inaceitável que suas parceiras fiquem alcoolizadas;
. 69% não
concordam que elas saiam com amigos sem sua companhia;
. 46% consideram
inaceitável que suas companheiras usem roupas justas e decotadas;
. 89% dos homens consideram inaceitável a
mulher não manter a casa em ordem;
. 4% dos homens
declararam que ao menos uma parceira (atual ou ex) já procurou a Delegacia da
Mulher ou a polícia para denunciá-lo;
. 29% deles
apontam que “o homem só bate porque a mulher provoca”;
. Para 23% dos
homens, “tem mulher que só para de falar se levar um tapa”;
. Para 12%, “se a
mulher trair o marido, ele tem razão em bater nela”;
. 67% dos autores
de violência presenciaram discussão entre os pais na infância, enquanto entre
os não-agressores este número cai para 47%;
. 81% dos homens agressores apanhou de algum adulto
quando criança.
Segundo o estudo
Violência contra a mulher no ambiente universitário, divulgado pelo Instituto Avon
no ano passado, mais de 700 mil mulheres devem ser vítimas de assédio ou
violência dentro das faculdades apenas este ano. A pesquisa mostra que 7% das
universitárias afirmam que foram drogadas sem seu conhecimento e 7% já foram
forçadas a ter uma relação sexual nas dependências da instituição ou em festas
acadêmicas. Significa que 200 mil mulheres vão estar expostas a esta situação
este ano.
Violência
contra a mulher no Brasil
A taxa de homicídios contra mulheres no país aumentou
8,8% entre 2003 e 2013, segundo o estudo Mapa da Violência 2015 - Homicídios de
Mulheres, produzido pela Flacso. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, um caso de estupro é notificado no Brasil a cada 11 minutos. Como
menos de um terço dos estupros são registrados, é possível que eles ocorram a
cada minuto no país. De acordo com o Ministério da Saúde, o abuso sexual é o
segundo maior tipo de violência praticada no Brasil. Segundo o levantamento,
70% das pessoas estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos (cerca de
350 mil pessoas ao ano).
*Várias
formas de violência
. Assédio
sexual - Comentários com apelos sexuais indesejados / Cantada
ofensiva / Abordagem agressiva
. Coerção -
Ingestão forçada de bebida alcoólica e / ou drogas / Ser drogada sem conhecimento
/ Ser forçada a participar em atividades degradantes (como leilões e desfiles)
. Violência
sexual - Estupro / Tentativa de abuso enquanto sob efeito de
álcool / Ser tocada sem consentimento / Ser forçada a beijar
. Violência
física - Sofrer agressão física
. Desqualificação
intelectual - Desqualificação ou piadas ofensivas, ambos
por ser mulher
. Agressão
moral/psicológica - Humilhação por ser mulher / Ofensa /
Xingada por rejeitar investida / Músicas ofensivas sobre mulheres / Imagens
repassadas sem autorização / Rankings (beleza, sexuais e outros) sem
autorização.
*FSB
Comunicação
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