36% dos consumidores
fazem compras para aliviar o estresse, aponta pesquisa do SPC Brasil
Comprar, mesmo sem
planejamento, é o lazer preferido para três em cada dez entrevistados
Meditar, fazer ioga, praticar esportes, comer... Para muitos
consumidores estressados, o melhor remédio para se livrar das angústias do dia
a dia é usar o cartão de crédito e encher o carrinho de compras. Um levantamento realizado em todas as
capitais e no interior do país pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)
e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que mais de
um terço (36,3%) dos entrevistados admite que o ato de fazer compras é uma
forma que eles encontram para aliviar o estresse do cotidiano, principalmente
as mulheres (43,7%) e os consumidores das classes A e B (40,2%). Além disso,
quase a metade dos consumidores (47,7%) admite fazer comprar para se sentir
bem.
O levantamento aponta ainda que três em cada dez (29,5%)
consumidores concordam que fazer compras melhora o humor e 24,5% confessam
realizar compras quando se sentem deprimidos. O estudo demonstra que as
mulheres são mais suscetíveis às emoções quando compram por impulso. São elas
quem mais admitem a sensação de prazer ao comprarem algo sem planejar (37,7%
contra 26,5% dos homens), além de serem as que mais citam o ato de fazer
compras como o tipo de lazer preferido (35,9% contra 23,3% do total de
entrevistados).
Encontram-se também entre as mulheres os maiores percentuais
de consumidores que se valem das compras por impulso quando estão deprimidas
(30,5% contra 18,3% dos homens). Quanto à faixa etária, o levantamento indica
que os mais jovens são os que mais ficam entusiasmados e se divertem ao comprar
produtos não planejados (41,8% contra apenas 19,6% das pessoas acima de 55
anos).
Segundo o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz',
José Vignoli, as emoções desempenham um papel fundamental nas compras
realizadas impulsivamente. "O estado emocional explica o comportamento
impulsivo do consumidor. Se o consumo fosse uma experiência puramente racional,
a inadimplência seria bem menor do que temos hoje. As pessoas comprariam
estritamente o necessário e raramente romperiam os limites do próprio
orçamento, pois seriam capazes de avaliar adequadamente as consequências de uma
aquisição desnecessária e de resistir ao impulso da compra, por mais que se
sentissem atraídos por um produto na vitrine", explica Vignoli.
Consumidor compra por impulso para não "perder boa oportunidade"
Por que é tão difícil evitar uma compra desnecessária mesmo
sabendo que poderá haver consequências negativas para o próprio orçamento? O
estudo demonstra que em situações de compras impulsivas o imediatismo e a
necessidade de urgência acabam sendo mais fortes do que a capacidade de
reflexão do consumidor. A maior parte dos entrevistados (44,5%) não consegue
resistir aos próprios desejos porque acredita que se não realizarem aquela
compra, mesmo que o produto seja desnecessário, vão desperdiçar uma 'boa
oportunidade'. Outros 36,9% admitem que quando surge o desejo de comprar algo,
eles não sossegam enquanto não concretizarem a compra, sobretudo as mulheres
(41,6%). "É como se ao verem um produto muito desejado ou com preço
atrativo as pessoas abdicassem de refletir sobre a compra
momentaneamente", explica Vignoli. Exemplo disso, é que 30,1% dos
entrevistados gastam mais do que o previsto em promoções com medo de acabarem
se arrependendo depois e quase um terço (32,9%) admite que, geralmente, compra
produtos que nem tinha a intenção de adquirir antes de entrar numa loja.
O apelo ao consumo pode ser tão intenso que os consumidores
simplesmente esquecem momentaneamente dos efeitos que a compra pode ter sobre o
orçamento: 30,7% admitem que ao ver um produto atrativo não pensam nas
consequências da compra antes de efetivá-la e mais de um quarto (25,8%) dos
entrevistados reconhecem não ter o costume de avaliar todos os aspectos
envolvidos numa compra. E o resultado desse comportamento não poderia ser outro:
muitos acabam ficando com o orçamento mais apertado. Segundo a pesquisa, 30,8%
dos consumidores reconhecem que estão com as finanças pessoais descontroladas
por causa de compras impulsivas.
Controle dos próprios atos
Para o educador financeiro José Vignoli, os resultados da
pesquisa mostram que para o consumidor controlar seus impulsos de compras não
planejadas é importante que ele saiba identificar, primeiramente, o próprio
estado emocional. "Ir às compras quando se está mal pode ser perigoso, já
que o consumidor estará mais vulnerável a utilizar o consumo como gatilho.
Certamente, não há uma fórmula para evitar o consumo impulsivo, mas entender
que as emoções influenciam em nossas decisões pode ajudar a tornar o consumidor
mais consciente e controlado no momento de decidir por uma compra", afirma
o educador.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela
Kawauti, estabelecer um controle orçamentário ajuda o consumidor a ter uma
visão mais ampla das pendências financeiras, além de evitar que o dinheiro
comprometido com gastos fixos e inadiáveis seja gasto impulsivamente em compras
momentâneas. O estudo mostra que 40,3% dos entrevistados estão ou já estiveram
com o nome sujo por extrapolar nas compras sem pensar. "Um dos principais
problemas associados ao comportamento compulsivo é o risco de endividamento
excessivo. Quando as dívidas vão se acumulando e comprometem o dinheiro
destinado aos gastos imprescindíveis, como despesas da casa e contas de
primeira necessidade, é hora de o consumidor procurar ajuda porque ele pode
cair na inadimplência", alerta a especialista.
Metodologia - A pesquisa foi realizada pelo Serviço de
Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) com 745 consumidores acima de 18 anos nas 27 capitais e
procurou compreender o papel das emoções no comportamento das compras
impulsivas. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais com uma margem de
confiança de 95%.
Baixe a íntegra da pesquisa e a metodologia em https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas
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