Hora de lavar toda a
lama
Apesar de toda a crise
política e econômica, não dá para ser totalmente pessimista num país
privilegiado como o Brasil
A cada dia deste aziago ano de 2016 surge um novo
desdobramento da operação Lava Jato, na forma de prisões, indiciamentos,
encaminhamentos ou conduções coercitivas de políticos das mais variadas
ideologias e partidos. Os reflexos econômicos dessa crise política têm sido
nefastos no nível de produção, emprego e renda, num processo recessivo que se
auto-alimenta. Nossa primeira reação é de total pessimismo em relação às
perspectivas da economia nacional, que parece rodar dentro de um túnel mais
extenso que o acaba de ser inaugurado na Suíça. Com a diferença que o túnel
suíço é uma obra-prima em todos os sentidos – principalmente engenharia e
gestão –, enquanto nosso túnel metafórico é uma obra-prima de ineficiência e
corrupção.
Seria o caso, então, o caso de sucumbir ao desânimo, jogar
os botes salva-vidas ao mar e abandonar este enorme navio chamado Brasil? Esta
é, realmente, “a maior crise política e econômica de nossa história”, como
apregoam alguns analistas? Justifica-se tanto pessimismo no país que possui a
quinta superfície e, coincidentemente, a quinta população – e, portanto,
mercado – do planeta? Que não tem grandes desertos nem catástrofes naturais,
como terremotos ou furacões devastadores? E que, ao contrário, abriga imensos
recursos naturais, como reservas de água doce, jazidas de minérios e terras
férteis? Ser pessimista num país
privilegiado como este é admitir a total incapacidade do povo que a habita – ou
seja, nós, brasileiros.
Crises sempre existiram, e sempre hão de existir, tanto
políticas quanto econômicas. No caso da economia, existe inclusive o conceito
do ‘ciclo econômico’, caracterizado por uma alternância de períodos de
crescimento relativamente rápido do produto (recuperação e prosperidade), com
períodos de relativa estagnação ou declínio (contração ou recessão). Em poucas
palavras, nenhuma crise ou bonança são eternos. Ainda bem! Já na política, pode
até haver alternância entre partidos e ideologias, mas que, cedo ou tarde,
acabam sucumbindo à mesma tentação de tirar proveito do poder – que
invariavelmente corrompe.
Já que o Brasil não vai afundar definitivamente, cabe tirar
alguma lição do atual contexto político nacional, de modo a que, como nos
ensina – ou, deveria ensinar – a História, os males não repitam. Imbuídos desse
espírito otimista, vale observar que “nunca na História deste País”, se pegou
tanto corrupto com a mão na botija ou, pelo menos, com as evidências de ter
colocado a mão na botija. Nunca se pegou tanto político, acólito ou cidadão
comum comprometido com a corrupção, como agora. Obviamente, alguns deles vão
escapar de um castigo exemplar, por se “fingirem de mortos” ou por falta de
provas. Mas só o simples fato de alguns “peixes graúdos”, com foro
privilegiado, terem sido indiciados e até condenados já um enorme avanço em
relação à impunidade que sempre reinou neste País. É a prova incontestável de
que corrupção pode ainda ser digna de uma República de Bananas, mas as
instituições já são de um país evoluído. Cabe agora ao povo – ou seja, todos
nós – preservar essa conquista, para que o Brasil evolua como um todo e seja
digno de sua grandeza.
*Julio Gavinho é é
executivo da área de hotelaria com 30 anos de experiência, fundador da
doispontozero Hotéis e criador da marca ZiiHotel.
**Vervi Assessoria de
Imprensa
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