População rejeita
aumento de impostos
Sinalização do governo
de criação de uma nova CPMF coloca sociedade em alerta. Pesquisas mostram
insatisfação dos brasileiros em relação à proposta
O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO de 2017,
senador Wellington Fagundes, anunciou que não descarta a possibilidade de
recriação da CPMF como possível fonte de arrecadação para o próximo ano. Ao
propor a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, a
expectativa do governo é de que 33,2 bilhões de reais sejam gerados com o
tributo.
O Congresso só deverá votar a proposta de Orçamento para
2017 a partir de agosto e, apesar de não existir qualquer caráter obrigatório
do retorno da contribuição, o governo tem sinalizado que usará a receita de impostos
e contribuições para elevar a arrecadação, como Cide, IPI, PIS/Cofins e a
própria CPMF.
Por afetar todas as transações bancárias, a CPMF é
considerada “impopular” e “injusta” por contribuintes e tributaristas. Uma
pesquisa divulgada nesta terça-feira mostra que 73% dos brasileiros são contra
a recriação do tributo para corrigir o déficit fiscal O levantamento foi
realizado pela Confederação Nacional da Indústria, em parceria com o Ibope, que
ouviu 2.002 pessoas em 143 municípios, entre 17 e 20 de março deste ano e
apresenta a avaliação dos brasileiros sobre os serviços públicos oferecidos no
País, os impostos pagos e os gastos do governo.
Intitulado Os Retratos da Sociedade - Serviços públicos,
tributação e gasto do governo, o estudo mostra também que a população rejeita
qualquer aumento de carga tributária. Segundo a pesquisa, 65% dos brasileiros
acreditam que os impostos no País já são muito elevados e 83% consideram que,
nos últimos anos, os tributos estão aumentando. Oito em cada dez entrevistados
afirmam que o governo já arrecada muito e pode melhorar os serviços públicos
sem aumentar os impostos. Além disso, 70% concordam que a baixa qualidade
destes serviços é mais consequência da má utilização dos recursos do que da
falta deles e 90% dizem que a qualidade do que é oferecido deveria ser melhor
considerando o valor dos tributos.
“Os cidadãos estão cada vez mais conscientes, informados e
atuantes. Aquele que sabe o quanto paga de imposto tem mais condições de exigir
melhorias e lutar pelos seus direitos”, destaca o presidente do SESCON-SP,
Márcio Massao Shimomoto, ao falar do peso dos tributos para os brasileiros e da
necessidade de uma gestão eficiente dos gastos públicos. “A alta carga
tributária não agrada, sobretudo porque o retorno em serviços básicos, como
saúde, segurança e educação, deixa a desejar”, completa.
Corroborando com estes números, uma pesquisa realizada pelo
SESCON-SP com seus associados e filiados revela a contrariedade do segmento
empresarial contábil com a criação de uma nova CPMF. De acordo com a pesquisa,
realizada com mais de 1,3 mil empreendedores do segmento, este seria um grande
erro do governo: 45% deles disseram que, portanto, esperam que a proposta não
avance. Já para 33% dos consultados será inevitável que o contribuinte arque
com aumento de impostos diante da atual situação brasileira, seja via CPMF ou
outra.
Márcio Shimomoto lembra da campanha bem-sucedida que pôs fim
ao tributo em 2008, abraçada pelo SESCON-SP, AESCON-SP, FIESP, ACSP, OAB SP e
diversas outras entidades do empreendedorismo, e afirma que, se for necessário,
o segmento produtivo volta a se mobilizar contra o aumento da carga tributária.
“O governo precisa aprender a gerir seus recursos com competência, assim como o
empresário cuida do seu negócio e o contribuinte do seu lar. Só assim teremos
um País desenvolvido”, afirma o líder setorial.
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