sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Terceira idade inadimplente: educador financeiro explica como sair das dívidas
*Reinaldo Domingos
De acordo com um levantamento realizado pela Serasa Experian, dentre os 56,4 milhões de brasileiros inadimplentes – ou seja, aqueles que não conseguiram honrar com seus compromissos financeiros em suas devidas datas –, 7 milhões possuem mais de 61 anos de idade, que representam 12% do total. Isso é reflexo da falta de educação financeira da população como um todo.
São raras as pessoas que dizem ter sido ensinadas a como se planejar financeiramente. É claro que todos sabem que não devem gastar mais do que ganham, mas essa premissa não é o suficiente para evitar que se tornem endividados ou até mesmo inadimplentes em algum momento da vida, especialmente na terceira idade.
Digo que nessa fase acontecem mais problemas porque, além deles próprios não saberem administrar seu dinheiro de maneira correta, existem ainda terceiros que acabam utilizando o nome dos aposentados para obterem crédito; alguns são parentes e amigos, mas é preciso tomar muito cuidado com outras pessoas agindo de má fé, estelionatários, que aplicam golpe para conseguir dinheiro mais fácil.
 Com minha experiência na área de finanças e de educação financeira, desenvolvi algumas orientações que auxiliam a sair das dívidas e ir além, mudar o comportamento financeiro para que não cometa os mesmo erros novamente. Veja:
- Dois fatores levam ao endividamento são eles: o crédito fácil, conjugado com a competente propaganda, por isso, cuidado para não comprar o que não sonhava, com o dinheiro que você não tem, para impressionar, muitas vezes, até mesmo quem você não conhece;
- As facilidades de créditos, como limite de cheque especial, cartão de crédito e crediários têm sido verdadeiros vilões nesta ciranda do endividamento e inadimplência. Fique atento!;
- Não empreste seu nome para que parentes e amigos façam dívidas. Se eles não podem usar o próprio nome, é porque provavelmente já estão com problemas de endividamento;
 - Antes de sair negociando é preciso ter pleno domínio do seu dinheiro, fazer um diagnóstico financeiro, registrando o que se ganha, o que se gasta e conhecer seu verdadeiro perfil financeiro;
- Faça um apontamento de despesas diárias, separando por tipo de despesas, pelos próximos 30 dias. Esse é o caminho para que fique tudo mais claro, podendo cortar gastos e reduzir excessos;
- Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago, como e quando puder”. Nunca se deve procurar um credor (pessoa para quem você deve) antes de ter domínio completo de sua situação e condições;
- Estar endividado nem sempre é um problema, o problema é quando não se consegue pagar este compromisso. Portanto, não é motivo para desespero, mas sim para cautela e planejamento;
- Procure guardar dinheiro para comprar à vista e com algum desconto. O sonho da independência financeira passa entender que dinheiro é meio e não fim;
- A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento; procure por linhas de créditos mais baixas. Mas é importante frisar que isso não resolve a causa do problema;
 - No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos, geralmente as de cartão de crédito e cheque especial;
- Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar seu padrão de vida, pois, se já se endividou com o que ganha, isso reduzirá ainda mais nos próximos meses com as parcelas. Cuidado!;
- Não existe uma porcentagem exata de quanto terá que direcionar para pagar as dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
- Estabeleça uma estratégia para sair do endividamento, conhecendo detalhadamente os credores, valores, taxas de juros;
- Quem compra a prazo, paga juros, quem paga juros paga mais caro e tem dívidas, e quem tem dívidas realiza menos sonhos;
- Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza que as mesmas cabem em seu orçamento. Caso contrário, o problema se tornará ainda maior;
 - E lembre-se, por mais que a idade seja avançada, nunca é tarde para sonhar, pode ser uma viagem, um passeio especial, enfim, o que quiser. Uma vida sem sonhos, sem objetivos, é muito mais propensa à dívidas. Tenha foco e disciplina, mas viva a vida!

*Reinaldo Domingos, educador financeiros, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.

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