Reflexão de Boa
Vontade
O patrimônio da
Caridade
Paiva
Netto
A Caridade é o conforto
de Deus para as Almas e o relacionamento cordial entre criaturas que firmemente
desejam a preservação deste mundo. Ela é uma função espiritual e social, não
apenas um ato particular de socorrer apressadamente o mais próximo. É uma
política dignificante, um planejamento humanitário, uma estratégia, uma
logística de Deus, entendido como Amor, a nós oferecida, de modo que haja
sobreviventes à cupidez humana. A Caridade é a Força Divina que nos mantém de
pé. Sabemos, e basta ir ao dicionário, que Caridade é sinônimo de Amor.
Portanto, é respeito, solidariedade, companheirismo, cidadania sem ferocidades.
O mundo precisa de carinho e Amor. Quem diz que não quer ser amado está doente
ou mentindo, o que, no fundo, no caso em questão, é a mesma coisa. Pode ter
certeza de que a pessoa está gritando lá dentro: “Socorro! Preciso de ser amado! ou, preciso ser amada! Mas não tenho
coragem de dizer! Tenho vergonha de reivindicar, um pouco que seja, da
Fraternidade dos meus irmãos humanos! Mas escutem o meu apelo desesperado e
silencioso!”.
Como escrevi em Como Vencer o Sofrimento, o Amor revela
a Luz e a Luz espanta a treva. Que mais quereremos nós? O ser humano tem
carência de Amor verdadeiro. É o que muitos dirigentes dos povos em definitivo
precisam entender. Governa bem aquele que governa o coração. Exclamam alguns: “— Ah, eu não falo em Caridade!”.
Infelizmente creem que ela se resume em dar às pressas esmola ao mendicante que
os interpela. Já estão em falta quando se irritam diante do necessitado, que em
geral é efeito e não causa. Devem refletir sobre este ditado latino: “Hodie mihi; cras, tibi”. (Hoje, eu; amanhã,
você). Ou seja: agora, o pedinte é ele; amanhã, poderemos ser nós. O pior é
que alguns transferem essa “amofinação” para um sentimento elevadíssimo, que é
a Caridade, que eles não entendem muito bem, mas que se personifica na cola que
junta as partes separadas da sociedade mundial. Enfim, Caridade é a esperança
que repousa em Deus.
*Trecho extraído da entrevista concedida
pelo jornalista, radialista e escritor Paiva Netto à também jornalista
portuguesa Ana Serra, em 19 de setembro de 2008. A íntegra da transcrição
encontra-se publicada em http://www.lbv.pt/pt/entrevista.pdf.
**José
de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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