Quando a mulher deve parar de fazer
mamografia?
Vários estudos buscam definir se a mamografia anual traz
mais benefícios ou prejuízos às pacientes acima dos 75 anos. Alguns
pesquisadores defendem que mulheres com idade entre 40 e 50 anos, bem como
aquelas com mais de 75 anos, devem conversar com seus médicos sobre a
necessidade de fazer o exame com base nos fatores de risco individuais. Afinal, a grande maioria dos tumores malignos
surge entre 50 e 60 anos. Mas um novo estudo prova que vale a pena a paciente
idosa continuar o rastreamento anual – indicando que o debate em torno desse
tema ainda terá muitos desdobramentos.
Na opinião da doutora Sarah Cate, cirurgiã da mama no centro
médico Mount Sinai Beth Israel, em Nova York (Estados Unidos), como muitas
mulheres de 75 anos ou mais têm boa saúde, praticam exercícios e têm uma vida
social ativa, o rastreamento anual traz benefícios. De acordo com a médica, a
taxa mínima de detecção de câncer de mama que justifique a realização da
mamografia é de 2,5 casos a cada mil pacientes examinadas. Mas vários centros
relatam taxas de quase cinco casos a cada grupo de mil. Ou seja, há evidências
para continuar submetendo essas senhoras à mamografia.
Já na opinião de Vivian Schivartche, médica radiologista
especialista no diagnóstico de câncer de mama do CDB Premium, em São Paulo, a
rotina anual de mamografia deve começar aos 40 anos – ou antes, caso a paciente
tenha histórico da doença na família – e não tem data para acabar. “Obviamente,
dependendo do estado geral de saúde da paciente e de doenças que ela esteja tratando,
deixar de fazer mamografia é considerado um mal menor, já que o importante, no
caso, é o tratamento e o controle da doença mais grave. Mas quando a paciente
idosa tem a saúde sob controle, pratica atividades físicas, de lazer e sociais,
é muito importante garantir o rastreamento mamográfico. Afinal, hoje em dia,
quando o câncer é descoberto em fase inicial tem grandes chances de cura. Quem
pode afirmar que essa paciente não vá viver mais 10 ou 15 anos? Então, é melhor
que viva com saúde”.
A especialista explica que a mamografia costuma apresentar
sensibilidade em torno de 80%. Mas a introdução da tomossíntese mamária, há
alguns anos, refinou o diagnóstico. “A tomossíntese, também chamada de
mamografia 3D, costuma aumentar sensivelmente a detecção do câncer de mama, já
que permite enxergar o tumor numa fase muito precoce e em mamas densas e
heterogêneas. Porém, em pacientes de alto risco ou quando persistirem dúvidas,
outros exames devem ser realizados de forma complementar, como a
ultrassonografia e a ressonância magnética”.
De acordo com Vivian Schivartche, na imagem mamográfica, o
tecido denso aparece em branco, enquanto a gordura é caracterizada pelas áreas
escuras. Como os tumores também aparecem em branco nessas imagens, é mais
difícil diferenciar o que é tecido altamente denso de um tumor. Muitas vezes, a
mulher é chamada novamente para que façam novas imagens e esclareçam essas
dúvidas. Os avanços da mamografia nos últimos anos, quando passou de um simples
exame em filme para um exame digital e depois para a tomossíntese, caminham na
direção de aumentar a detecção de tumores cada vez menores e reduzir a
necessidade de imagens extras. “Num país em que estão previstos quase 58 mil
novos casos de câncer de mama este ano, é fundamental ter acesso à mamografia a
partir dos 40 anos, independentemente do debate que ainda persiste com relação
à idade em que a paciente deve parar de se preocupar com o rastreamento”.
*Press Página
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