Carnaval é sinônimo de festa, diversão, samba, fantasias e
muita paquera. Culturalmente uma época sensual, lembrada nas próprias letras
das marchinhas e as roupas mais curtas e sensuais, os foliões se envolvem nesse
clima permissível e podem exagerar no álcool, drogas lícitas e ilícitas
tornando-se mais vulneráveis. Com a consciência e a percepção comprometida pela
embriaguez, o preservativo é deixado de lado nas relações sexuais. Por isso,
todos os anos o Ministério da Saúde reforça a campanha para o uso de camisinha
– principal forma de prevenção contra o HIV e as doenças sexualmente
transmissíveis (DST).
“As patologias assintomáticas principalmente nas mulheres
são as que mais merecem atenção, como a sífilis primária, a gonorréia e a
clamídia. Sem saber que são portadoras dessas infecções, podem transmitir aos
seus parceiros durante uma relação desprotegida. Em ambos os sexos, a infecção
por uma DST o organismo fica mais suscetível ao aparecimento de outras doenças,
sobretudo à AIDS, além de complicações tardias se não forem tratadas
adequadamente, assim como levar a infertilidade feminina”, alerta o
infectologista Marcelo Joaquim Barbosa, membro do Comitê de DST da Sociedade
Brasileira de Infectologia (SBI).
Clamídia
É a mais comum em todo o mundo, principalmente em mulheres
jovens. Só no Brasil, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde,
anualmente 1.967.200 de pessoas são esperadas a apresentarem sintomas. É
provocada pela bactéria Chlamydiatrachomatis, com transmissão por via oral,
vaginal, anal ou vertical – de mãe para filho durante a gravidez. Seus sintomas
costumam aparecer, em média de 03 dias até três semanas após exposição e são
eles os mais frequentes: dores ao urinar, corrimento vaginal ou peniano, dor
nos testículos e durante o ato sexual. Porém, um quarto dos homens não
manifesta os sinais clássicos da doença; nas mulheres, em 70% dos casos.
Gonorréia
Para a OMS só no Brasil são estimados 1.541.800 casos
sintomáticos, ou seja, pessoas que apresentam sintomas. O agente causador é a
bactéria Neisseria gonorrhoeae e sua infecção ocorre da mesma forma que na
clamídia. É encontrada em lugares úmidos e quentes, como a uretra e o sistema
reprodutor feminino. As manifestações são semelhantes em ambos os sexos, com
secreção de pus, sangramento e dores pélvicas. Outras regiões do corpo podem
ser acometidas: olhos, reto e garganta. Cerca de 80% das mulheres são
assintomáticas.
Sífilis
Considerada um mal silencioso, pode permanecer no corpo após
a infecção inicial, com reincidência após anos – e com maior intensidade – se não tratada corretamente.
Decorrente da infecção com a bactéria Treponema pallidum, é muito frequente no
Brasil: 937 mil casos por ano de casos sintomáticos, informa a OMS. Em sua fase
primária, as feridas são no reto, no colo do útero e na região peniana, que
podem passar despercebidas e desaparecem com ou sem tratamento. Isto é o grande
perigo, pois se a pessoa acometida não tratar a doença pode aparecer numa outra
forma como na fase secundária, o paciente apresenta dores musculares, febre
baixa e lesões na pele principalmente nas palmas das mãos e na região plantar.
O último estágio ou fase terciária , e a mais grave, a infecção se dissemina
para o sistema nervoso, pele, ossos, articulações, artérias, olhos, fígado e
até o coração. A evolução ocorre quando não há intervenção terapêutica em
nenhuma das fases.
Previna-se! Use sempre camisinha!
“Todo tipo de relação sexual requer o uso de preservativo,
seja anal, oral ou vaginal, essas são os três principais formas de aquisição
das DST. É preciso desmitificar que a contaminação não ocorre pelo uso de do
mesmo copo ou assento de vasos sanitários, pois nestas situações o risco é
irrelevante”, informa o infectologista.
Dr. Marcelo explica que o principal erro das pessoas está em
subestimar essas doenças, pois algumas deixam sequelas irreversíveis, como a
infertilidade, câncer, amputações de órgãos genitais e o aumento de aquisição
do HIV e hepatites. “Em caso de relação desprotegida, procure um centro de
saúde e nunca se automedique. Nos postos, os profissionais de saúde irão
realizar os exames físicos específicos e se necessário podem solicitar e
oferecer exames para auxiliar no diagnóstico de uma doença sexualmente
transmissível”.
O carnaval é uma pausa nacional longa, que atrai muitos
turistas a diversos centros que realizam festas mais intensas. “A principal
dica que podemos deixar, além do controle na ingestão de bebidas alcoólicas e
uso abusivo de drogas, é possuir sempre camisinhas. Isso vale para ambos os
sexos; sempre que há possibilidade de acontecer relações sexuais, a camisinha é
imprescindível”, conclui Dr. Marcelo Joaquim Barbosa.
*Acontece Comunicação e Notícias
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