Debate sobre consumo de carne
embutida divide especialistas
Apesar de estudos e
notas da OMS, nutricionistas apontam para riscos de se cortar a carne saudável
da alimentação
“O público decidirá em que confiar, na indústria ou em nós,
da OMS”. A declaração da Organização veio na semana de debates que cercam o
consumo de carnes embutidas em todo mundo. Diante da polêmica, especialistas
discutem os reais perigos ligados ao consumo do alimento supostamente cancerígeno.
Em seu relatório, a OMS considerou que o grau de evidência
que associa o consumo de carnes processadas – como por exemplo linguiça,
salsicha e bacon – ao desenvolvimento do câncer é equivalente ao que associa o
tabagismo à mesma doença.
Entretanto, este grau de evidência demonstra somente uma boa
condução dos estudos que relacionaram o consumo de carnes processadas ao câncer
de intestino, pela precisão na coleta de amostras, assim conferindo
confiabilidade aos resultados, afirmam Ana Paula Bazanelli e Renata Furlan,
professoras da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Além disso, as especialistas afirmam que há grande diferença
entre o risco representado pelo hábito de fumar e pelo consumo desses alimentos
no surgimento do câncer. Estima-se que a influência do tabagismo em relação à
incidência de todos os tipos de câncer é ao menos seis vezes maior do que a do
consumo de carnes processadas.
Ademais, o consumo de carne vermelha não processada, por sua
vez, não se mostra tão conducente ao surgimento da doença, demandando, assim,
uma investigação mais aprofundada na associação entre o consumo excessivo desse
alimento aos danos à saúde.
As professoras destacam, ainda, as diferenças entre os dois
tipos de alimentos: “Carnes processadas são alimentos nutricionalmente
desbalanceados e ricos em gordura e sal, ao passo que as carnes vermelhas são
excelentes fontes de proteína de alta qualidade e têm teor elevado de muitos
micronutrientes, especialmente ferro, zinco e vitamina B12”, completam.
A divulgação de informações ao público em geral pode
representar gatilhos para transtornos alimentares, pois erros de interpretação
podem fazer com que os indivíduos restrinjam seu consumo alimentar de forma
desnecessária e não saudável. A questão não é só saber em que confiar. Mas ter
moderação na hora de montar o cardápio.
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