Armazenamento inadequado da água pode ser a
razão do crescimento da doença em mais de 57% em janeiro de 2015, segundo
balanço do Ministério da Saúde
A época das chuvas demorou para chegar, mas o que poderia
ter ajudado a diminuir os casos de dengue, acabou se tornando a possível razão
de um aumento de mais de 57% em janeiro de 2015, se comparado com o mesmo
período do ano passado, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
"Diante da falta d'água e início do racionamento no
auge do verão, a população armazenou o líquido para as necessidades básicas.
Porém, o mau acondicionamento em recipientes destampados pode ter se tornado o
habitat perfeito para o desenvolvimento do Aedes aegypti, o mosquito
transmissor da dengue", comenta o infectologista da Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo, José Ribamar Branco.
Com o aumento no número de casos, as Unidades Pompeia,
Santana e Ipiranga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo estabeleceram
um novo fluxo de atendimento no Pronto-Socorro para pacientes com suspeita de
dengue. Entre as iniciativas implementadas para prestar um atendimento seguro e
de qualidade, está a formação de um "Núcleo de atendimento a pacientes com
Dengue", aumento no número de boxes para observação e medicação e entrega
de material educativo aos pacientes.
A dengue é uma doença infecciosa, que pode causar uma
diminuição na quantidade de plaquetas, induzindo sangramento, e de leucócitos,
glóbulos brancos que integram o sistema imunológico. "Atualmente, há
quatro subtipos, no Brasil: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4, sendo o sorotipo mais
comum o DEN-1, responsável por mais de 80% dos casos. A dengue hemorrágica é a
evolução de um caso clássico da doença por falta de diagnóstico e
acompanhamento médico ou por automedicação", esclarece.
Segundo o especialista, os primeiros sintomas da doença
aparecem cerca de cinco dias depois da picada do mosquito. "Os mais comuns
são febre alta, dor nos ossos e articulações, cansaço e moleza, dor de cabeça
atrás dos olhos, tonturas, náuseas e vômitos, perda de apetite e de paladar.
Após esse período, manchas vermelhas aparecem no corpo do paciente
infectado", detalha.
O diagnóstico da dengue é feito por uma conversa entre o
médico e o paciente (anamnese), no consultório, porque o vírus só apresenta
resultado positivo no exame de sangue após sete dias do início dos sintomas.
"Porém, não é possível diagnosticar a dengue apenas com base nos sintomas,
pois eles são os mesmos de qualquer doença infecciosa. É preciso também avaliar
se há um surto próximo ao local de convivência do paciente", revela.
A dengue não é considerada uma doença de risco, quando
acomete uma pessoa saudável e tem o devido acompanhamento médico, mas exige
cuidados em pacientes com doenças crônicas, idosos e crianças. "Não existe
um tratamento específico para a doença. São receitados medicamentos
sintomáticos para combater a febre e a dor e é feito o acompanhamento da
quantidade de plaquetas e leucócitos. Apenas um médico poderá indicar o
medicamento adequado. A automedicação pode levar o paciente ao óbito",
alerta.
De acordo com o infectologista, a melhor forma de prevenção
da doença é o combate ao mosquito transmissor. "É preciso ficar atento e
eliminar os depósitos de água parada para evitar a proliferação do Aedes
aegypti. Para ajudar a população a localizar e exterminar os focos da doença, o
governo conta com o trabalho de agentes de combate à dengue", reforça.
*Ketchum Agência de Comunicação
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