O Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta) e a
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), ambos ligados à
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, estimaram o
percentual de área colhida por máquinas na colheita da cana-de-açúcar na safra
agrícola 2013/14. Do total de área em produção, ou área de corte (5.497.118
hectares), 84,8% encontra-se mecanizada, correspondendo a 4.659.684,0 hectares,
aumento de 3,5% em relação à safra 2012/13. Consequentemente, o restante da
área em produção ainda demanda trabalhadores para a colheita manual, como será
visto adiante.
A partir desse índice é possível acompanhar a evolução da
mecanização da colheita de cana-de-açúcar e avaliar o cumprimento de dois
marcos regulatórios que tem por finalidade é proteção ambiental e a erradicação
da queima da cana-de-açúcar em território paulista. “Os dados indicam que 15
EDRs encontram-se com índices de mecanização acima da média estadual e que
juntos representam 50,5% do total de área em produção da cana-de-açúcar,
afirmam Carlos Fredo, Denise Caser, Alceu Veiga Filho e Mário Olivette,
pesquisadores do IEA e Raquel Sachs, pesquisadora da Apta Polo Regional
Centro-Sul, autores do artigo.
Entretanto, algumas regiões, como Piracicaba, encontram-se
abaixo da média (72,7%) e apresentam dificuldades para aumentar a mecanização
por conta de dois fatores: a declividade do solo que impede o uso de colhedoras
e a presença de fornecedores de cana-de-açúcar com áreas inferiores a 150
hectares. Tais fatores dificultam o cumprimento do Protocolo Agroambiental nos
prazos estabelecidos, porém, ainda possuem uma margem de tempo para a
mecanização por meio da Lei n. 11.241 de 2002.
O índice de mecanização permite mensurar, também, o impacto
da colheita mecânica sobre o emprego de cortadores de cana-de-açúcar. Na safra
2013/14, a demanda por trabalhadores na colheita foi estimada em 51,7 mil
cortadores, cerca de 18 mil a menos em relação à safra 2012/13. Destaca-se o
EDR de Orlândia, segundo maior EDR em área em produção, que apresentou nessa
safra 77,3% de sua área já mecanizada, mas que ainda é responsável por
aproximadamente 6 mil cortadores. Outros EDRs, como Barretos, Catanduva e
Presidente Prudente demandam juntos cerca de 10 mil cortadores na colheita
manual.
Essas regiões, bem como outras em que o processo de
mecanização se intensifica e é irreversível, ainda merecem atenção pelas
questões sociais que os marcos regulatórios impuseram a essa classe trabalhista.
Reforça-se aqui sempre a preocupação de políticas voltadas para esses
cortadores seja no processo de requalificação ou no controle ao desemprego,
questões essas deixadas de lado na formulação de tais marcos regulatórios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário