A galinha dos ovos de ouro
Confiança do
Agronegócio tem pior nível no primeiro trimestre, exigindo políticas públicas
estruturantes
*João Guilherme
Sabino Ometto
Com uma safra de grãos recorde, pela primeira vez acima de
200 milhões de toneladas, exportações ainda elevadas, o dólar valorizado,
compensando em parte a queda dos preços internacionais, além do PIB do setor
agropecuário, que apresentou crescimento de 4,7% no primeiro trimestre de 2015,
contra um desempenho negativo da economia em geral, o agronegócio continua
sendo o grande ponto de resistência da combalida economia brasileira. Assim, é
importante que as políticas públicas relativas ao setor, como a oferta e as
condições do crédito, contribuam para que ele vença os desafios que tem pela
frente, num cenário preocupante sob a ótica estrutural.
São vários os sinais que apontam para um período mais
crítico do ciclo de alta dos preços internacionais das commodities agrícolas,
iniciado em 2007. Essa inflexão das cotações em níveis mais baixos não
aconteceu em anos anteriores, pois, além da demanda aquecida, ocorreram
importantes restrições de oferta, como a forte quebra da safra de milho nos
Estados Unidos em 2012/13, de mais de 40 milhões de toneladas.
No entanto, com uma safra global mais robusta em 2014/15 e
expectativas positivas à frente, amparadas pelo bom andamento do plantio
norte-americano de milho e da previsão otimista para a segunda safra no Brasil
o reflexo no mercado é inevitável. Embora o dólar mais forte tenha atenuado em
parte o impacto da situação, em especial no início deste ano, as dúvidas para o
próximo ciclo são muito grandes.
Uma dessas incertezas diz respeito às relações de troca, ou
seja, quanto do produto, seja a soja ou milho, precisará ser vendido para
comprar fertilizantes, defensivos e outros itens. Isso porque o dólar
influencia ambos os preços. As últimas informações disponíveis sobre
importações de insumos agropecuários mostram que elas devem girar atualmente em
torno dos U$S 25 bilhões por ano.
O ambiente de dúvidas tem levado os produtores a colocarem
os pés no freio. Um bom exemplo deste cenário foi a “Agrishow”, que apresentou
uma queda de cerca de 30% no volume de negócios, algo inédito em uma das feiras
mais importantes do setor de máquinas e equipamentos agrícolas do Brasil, que
vinha registrando crescimento ano a ano.
Tal incerteza é
traduzida e reforçada pelo Índice de Confiança do Agronegócio, elaborado pela
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB). Com queda de oito pontos na sondagem do
primeiro trimestre de 2015, a pesquisa registra o pior nível da série, iniciada
em 2013. Verificou-se postura de cautela, com a postergação da aquisição e
consequente queda nas vendas dos insumos no primeiro trimestre. Isso parece
reverter a tendência observada desde 2008, de antecipação das compras.
Também contribuiu para o ceticismo, a dificuldade de acesso
ao crédito pré-custeio e a indefinição/paralisação do Programa de Sustentação
do Investimento (PSI-BNDES) em janeiro e fevereiro, que levou a quedas
preocupantes nas vendas de máquinas e implementos, que chegaram a 42% no caso
das colhedeiras, de acordo com os últimos números da Anfavea. Nem mesmo o
produtor pecuário, que se mantinha em um patamar mais elevado de confiança,
escapou desse clima, já que a reposição do bezerro, cada vez mais cara, vem
comprometendo o efeito dos bons preços da arroba do boi gordo.
Algumas revelações são importantes em todo esse contexto,
mas destaco dois pontos: o crédito e a economia brasileira. O primeiro tem sido
o motor do agronegócio na última década. Ano a ano, observa-se uma elevação dos
montantes de financiamento do Plano Agrícola e Pecuário (PAP), taxas de juros
competitivas e a diversificação das linhas. Como já demonstraram estudos da
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), trata-se de
política, no caso do Brasil, que não distorce os mercados, ao contrário de outros
relevantes produtores mundiais.
Nesse sentido, o crescimento do volume total de crédito
anunciado pelo Governo Federal, de 20% em relação ao ano passado é sem dúvida
uma boa notícia, ainda mais em época de restrição orçamentária. Por outro lado,
vale observar que a elevação deu-se fundamentalmente a partir de taxas de juros
livres, o que encarecerá o crédito. Já em relação aos juros controlados, que
seguem competitivos frente a uma Selic que pode chegar aos 14% este ano, resta
saber como será o comportamento dos agentes financeiros: esse recurso de fato
chegará às mãos do produtor? Ficam algumas incertezas, especialmente para o
segundo semestre.
No tocante à economia, é fundamental mencionar que, a
despeito do forte desempenho exportador do nosso agronegócio e da influência
dos mercados internacionais na formação dos preços de uma série de produtos, o
setor não está alheio à crise. O motivo é simples, uma vez que o mercado
doméstico é o grande vetor de crescimento para uma fatia importante das commodities
produzidas no Brasil, com grande destaque para as proteínas animais.
O ano está repleto de dúvidas. São muitas as variáveis
incontroláveis. Um novo problema climático, por exemplo, pode modificar o
cenário. É aí que a capacidade de planejamento e organização, em especial do
Governo Federal, precisa vir à tona com toda a força. São necessárias políticas
públicas estruturantes, já muito conhecidas, direcionadas ao agronegócio, cuja
resiliência vem sendo um porto seguro para o Brasil. Precisamos manter vivo,
forte e produtivo o setor que tem sido nossa galinha dos ovos de ouro!
*João Guilherme Sabino Ometto,
engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é vice-presidente
do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e
coordenador do Comitê de Mudança do Clima da entidade.
**Ricardo Viveiros & Associados –
Oficina de Comunicação
Jesus e Seu Pai
No segundo domingo de agosto, celebramos o Dia dos Pais. Que
alegria! Como são importantes esses benfeitores em nossas existências!
Considero oportuno apresentar-lhes trechos de uma página
digna da admiração de todos. Seu autor, o Espírito Emmanuel, foi buscar no
Evangelho do Cristo um excelente modelo para nós. Por intermédio do
mundialmente famoso médium Chico Xavier (1910-2002), ele exalta a relevância
que teve o bem-aventurado pai de Jesus na Terra.
“José da Galileia foi um homem tão profundamente espiritual
que seu vulto sublime escapa às análises limitadas de quem não pode prescindir
do material humano para um serviço de definições.
“Já pensaste no
cristianismo sem ele? “Quando se fala excessivamente em falência das criaturas,
recordemos que houve tempo em que Maria e o Cristo foram confiados pelas Forças
Divinas a um homem. “Entretanto, embora
honrado pela solicitação de um anjo, nunca se vangloriou de dádiva tão alta.
“Não obstante contemplar a sedução que Jesus exercia sobre os doutores, nunca
abandonou a sua carpintaria.
“O mundo não tem outras notícias de suas atividades senão
aquelas de atender às ordenações humanas, cumprindo um édito de César e as que
no-lo mostram no templo e no lar, entre a adoração e o trabalho. “Sem qualquer
situação de evidência, deu a Jesus tudo quanto podia dar. “A ele deve o
cristianismo a porta da primeira hora, mas José passou no mundo dentro do divino
silêncio de Deus.”
Pilares da família
Se observarmos à nossa volta, não será difícil identificar
numerosos dedicados pais, cuja discrição em cumprir seus nobres deveres nos faz
lembrar o exemplo de José da Galileia.
A maioria deles, provavelmente, não terá seus nomes
catalogados pela História; contudo, o resultado de seus esforços educativos se
prolongará nas virtudes que souberem desenvolver nos filhos ou nos bons frutos
de nobilitantes obras realizadas. Nas árvores genealógicas em que estão inseridos
e com a qual decididamente colaboram, poderão ser reconhecidos como seus
grandes pilares.
Por vezes silenciosos, mas atuantes, ao lado de suas
companheiras, nossas generosas mães, promovem a sustentabilidade da luminosa
instituição da Família. No seio delas, quando sob a proteção de Deus, a paz
mundial encontra campo fértil de semeadura e germinação.
*José de Paiva Netto
é escritor, jornalista, radialista, compositor e poeta
Estresse do poder e a importância do
equilíbrio
*Rodrigo Casagrande
O exercício da liderança é uma das atividades mais
prazerosas e motivadoras, pois envolve o desenvolvimento técnico e humano na
organização. Há de se ressaltar, porém, que a liderança é motivadora, mas
também estressante. Liderança envolve poder e influência – e o poder tende a
gerar o distanciamento entre as pessoas.
Essa distância causa uma sensação de solidão, uma percepção
de que é deixado um pouco de lado no apoio e nos relacionamentos com as
pessoas. É como se o líder tivesse que ser constantemente o alicerce emocional
de todos sem precisar de contrapartida nessa área.
O fato é que a liderança envolve pressões diárias, tomadas
de decisões com informações fragmentadas, constantes crises, as árduas
responsabilidades, sem contar a eterna necessidade de influenciar. O corpo
humano não está preparado para isso e os líderes podem entrar num perigoso
quadro de ansiedade, revolta e preocupação constante.
Os líderes, além de administrarem as suas próprias emoções,
precisam administrar as emoções dos outros. Como se não bastasse, eles precisam
liderar pelo exemplo. Os líderes têm, ainda, a necessidade de inspirar as
pessoas em torno de um objetivo comum, criar um propósito que deixe claro, não
apenas ¨o que fazer¨ e ¨como fazer¨, mas antes disso – e ocupando protagonismo
– ¨por que fazer¨. Desta maneira é que
conseguirão mobilizar as pessoas em prol de objetivos maiores, que vão além dos
meros interesses individuais.
Abordei apenas alguns aspectos que envolvem a boa liderança,
mas percebe quanta energia deverá ser dispendida nisso? Por isso é importante que o líder entenda que
não é nenhum super-homem ou mulher maravilha. Toda essa carga, pode ser um gatilho
para o surgimento do chamado estresse do poder, que transforma bons líderes em
líderes dissonantes. E quando os líderes entram em dissonância passam a liderar
mal, pois vão gerar frustração e antagonismo por onde passam, e, com
frequência, nem percebem os estragos que causam.
Como se não bastasse, o estresse do poder causa estragos na
saúde dos líderes. É impressionante a quantidade de executivos que são
acometidos por problemas graves de saúde. Vários desses líderes, inclusive, têm
suas vidas e carreira interrompidas pelo fato de não terem conseguido
harmonizar sua vida profissional e pessoal.
Para ser um grande líder, é necessário que, antes de tudo, o
profissional entenda isso. Assim, para evitar entrar no looping da dissonância,
ele deve focar sua atenção no desenvolvimento de seu intelecto, na compreensão
e no controle das emoções, cuidando de seu corpo, e indo ao encontro dos sonhos
e crenças mais profundas que alimentam sua alma. Estamos falando de mudanças
psicológicas e fisiológicas.
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