Hiroshima
Em 6 de
agosto de 2015, precisamente às 8h15, completaram-se 70 anos do lançamento da
bomba atômica sobre Hiroshima, depois foi a vez de Nagasaki, também no Japão.
Data que jamais será varrida das consciências sob risco de que — esquecidos desse
abominável atentado à vida humana — o repitamos num grau de intensidade ainda
maior, devastando não apenas uma cidade, mas o próprio planeta.
Um
pouco de história - Agosto de 1945. Na Europa, Hitler se
encontrava derrotado e morto. Berlim, destruída e ocupada pelos russos. Em 25
de julho, dias antes do impacto de “Little Boy” — apelido do petardo de cinco
toneladas que matou cerca de 100 mil pessoas em solo japonês —, o presidente
norte-americano, Harry Truman (1884-1972), decide usar contra
o naquele tempo inimigo asiático o que ele mesmo designou em seu diário
como “a coisa mais terrível já descoberta”.
Paul
Tibbets (1915-2007) foi o piloto da marinha
escolhido para comandar o B-29 que decolou da ilha de Tinian. O avião, batizado
com o nome de sua mãe, Enola Gay, levantou voo às 2h45min. Ao seu
lado, na missão que entraria para a história e mudaria a geopolítica do século
20, estava o copiloto Robert Lewis, autor da famosa
exclamação: “Meu Deus, o que fizemos!”.
Décadas
se foram. Todavia, o relato de muitos sobreviventes a respeito do sofrimento
atroz por que passaram, é, sem dúvida, uma das mais importantes bandeiras na
luta pelo desarmamento e pela não proliferação de armas nucleares.
“O
perigo é real” - Contudo,
acontecimentos diversos continuam sugerindo que a possibilidade de uma Terceira
Guerra Mundial não é ilusória. A Humanidade corteja a morte. Basta lembrar os
maus-tratos que promove contra sua própria moradia. A paz quase que não tem
passado de figura de retórica. Em grande parte da trajetória humana, o período
em que ela prevaleceu é ínfimo. Se é que já houve verdadeira paz neste mundo...
Somente na Alma de alguns bem-aventurados é que tem conseguido habitar. Por
isso, com certeza, advertiu o papa João Paulo II (1920-2005),
numa memorável alocução, na década de 1980, que “o perigo é real”.
A
concórdia entre religiosos é a primeira a ser conquistada. A paz de consciência
dos seres terrenos, gerada por uma nova postura ecumênica, porquanto altamente
fraterna, prenuncia a paz social, a paz entre as instituições e a desejada paz
mundial, sob a proteção do Pai Celeste, o maior diplomata da história deste
orbe, não obstante nosso recorrente mau uso do livre-arbítrio. Para os que riem
dessa realidade, uma pequena recordação do cético Voltaire (1694-1778): “Se
Deus não existisse, precisaria ser inventado”.
John
Kennedy e a paz - Muitas nações não estão diretamente
envolvidas nos conflitos armados que nos flagelam, porém todas sofrem a
opressão do medo ou da miséria, pela violência dos armamentos novos ou pelo
desvio global de verba para a indústria da morte, em prejuízo da justa economia
que gera instrução, educação, espiritualização, segurança, alimentação e saúde
dos povos. Portanto, a guerra nos ofende a todos nestes tempos de comunicação
rápida e de temporais de informações, que ameaçam, com seus raios e trovoadas,
dar curto-circuito nos cérebros. Daí a inclusão que faço, neste bate-papo com
Vocês, do pensamento de John Kennedy (1917-1963): “Só
as armas não bastam para guardar a paz. Ela deve ser protegida pelos homens
(...). A mera ausência de guerra não é paz”.
A Terra
só descobrirá a paz quando viver o amor espiritual e souber reconhecer a
verdade divina. No entanto, a divina verdade de um Deus que é Amor. Não a de um
ser brutal e vingativo, inventado pelos desatinos humanos.
De
fato, o perigo continua real. E nós, como tontos, no meio dele, nessa “briga de
foice no escuro”. Quousque tandem, Catilina?
É
essencial salientar as propostas e ações de autêntico entendimento. Conflitante
rota para os povos será a do remédio amargo.
Por
isso mesmo, não percamos a esperança. Perseveremos trabalhando “por um Brasil
melhor e por uma Humanidade mais feliz”. Eis a direção da vitória. E não se
trata de argumento simplório. A vida ensina, mas quantos de nós aprendemos a
tempo?
As
soluções dos graves problemas de nossa sociedade passam pela devida valorização
do Capital de Deus, ou seja, o ser humano e seu Espírito Eterno. Do contrário,
acabaremos por enfrentar um conflito mundial maior que as duas grandes guerras
do século 20 que, numa análise histórica, podem ser classificadas como uma só
dividida em duas partes. Que Deus nos livre da terceira!
*José de Paiva Netto, jornalista,
radialista e escritor
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