Casamento: o que
acontece depois do sim?
*Tatiana Leite
Não é incomum procurar ajuda profissional em um momento de
intensa angustia, dúvida ou estresse. Todos nós já vivemos ou vamos passar por
uma situação em que não conseguimos escolher muito bem qual caminho seguir.
Frequentemente recebo em meu consultório homens e mulheres
se questionando sobre suas escolhas amorosas. Pode parecer estranho, mas depois
de um jantar romântico seguido por um pedido de casamento é comum que você
tenha dúvidas se dizer “sim” era realmente sua melhor escolha.
Muitas vezes, ao chegarem nesse ponto do relacionamento, os
casais se deparam com metas e desejos conflitantes. Esperamos que nossa relação
seja construída por parceiros felizes e bem-sucedidos e que tenha por base
companheirismo, fidelidade, satisfação sexual e projetos em comum. Nesse
sentido, as expectativas individuais são colocadas na relação a dois como uma
enrascada, como uma fórmula matemática de difícil solução. Afinal, como
construir uma relação a dois?
Antes de trocar as alianças é imprescindível que o casal
resolva suas diferenças e analise o projeto do casamento. Algumas questões
podem aparecer nesse momento e é importante refletir sem medo das respostas.
A mais comum delas é se o parceiro pode mudar. É possível
sim fazer ajustes no temperamento, mas é importante que você tenha em mente que
o outro não vai mudar depois do casamento. Muitos casais criam expectativas de
que, por algum motivo, depois da festa ou da lua de mel, as coisas irão se
ajustar. Estipulam prazos indeterminados para essas mudanças e isso acaba
gerando muita frustação, ressentimento e mágoas. Isso porque, pode passar o
tempo que for, mas seu parceiro não vai mudar por conta disso.
Outra questão comum é se o amor resolve tudo? As incertezas
nos relacionamentos amorosos nos leva a amar de uma forma mais livre, onde cada
um tem o direito de buscar a sua felicidade. Essa liberdade se tornou uma
exigência nas relações e os casais não estão dispostos a abrir mão dela, mesmo
que seja para viver a promessa de um “grande amor”. Assim, ao mesmo tempo em que
queremos ser profundamente amados, nos entregamos cada vez menos por medo de
sofrer quando acabar. Antecipamos o fim.
Para amenizar toda essa angustia, sempre lembro aos meus
pacientes que se chegaram até esse ponto, provavelmente estão dispostos a se casar.
Minha recomendação é que procurem se conectar com o parceiro e consigo mesmo. O
projeto de casamento deve conter dois sujeitos, dois desejos, duas percepções
de mundo, um projeto de vida e a identidade de cada um. Casamento é uma
somatória do desejo de estar juntos. É preciso ser um, mesmo sendo dois!
*Tatiana Leite é terapeuta de casal e
família com especialização em Sexualidade Humana. Graduada em psicologia pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP), a profissional possui especialização em
terapia familiar e de casal, pela Pontifica Universidade Católica (PUC/SP) e
Pós-graduação em Sexualidade Humana, pela Faculdade de Medicina da USP. O
conhecimento acadêmico aliado à experiência em atendimento clínico fazem de
Tatiana Leite uma profissional completa, com um olhar apurado e sistêmico sobre
as diferentes formas de relacionamento
*InformaMídia
Comunicação
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