FGTS e crédito
consignado – é melhor não misturar
O debate sobre o uso do FGTS para garantir o crédito
consignado, conforme vem demonstrando a intenção o Governo Federal, esconde uma
série de riscos. A ideia é que o trabalhador possa disponibilizar 10% do que
tem depositado no seu fundo, somados aos 40% de multa por ter sido despedido,
como garantia ao financiamento que está contratando.
A proposta, que parece ser um benefício para população,
esconde alguns problemas, pois é mais uma ferramenta de obtenção de crédito e
que pode minimizar os ganhos da população no futuro.
O que as pessoas não percebem é que o FGTS é uma garantia
para o futuro. E por isso, na maioria das vezes, só pode ser usado em situações
específicas. O FGTS funciona como uma poupança forçada para o trabalhador,
então, não vejo com bons olhos o uso dos recursos para a amortização de
dívidas.
Avalio que o trabalhador deve enxergar o fundo como um
investimento em longo prazo e respeitar o mesmo. Deve ser encarado como uma
reserva estratégica em caso de aposentaria ou demissão. Embora o rendimento
seja o menor do mercado, o FGTS é uma forma de forçar o trabalhador a ter uma
poupança. As pessoas esquecem a sua finalidade. É uma poupança que ninguém pega
ou penhora. O pensamento sobre o FGTS não deve ser o mesmo que outro
investimento.
Assim, atrelá-lo ao crédito consignado é perder garantias,
lembrando que a realização dessa obtenção do crédito não deve ser banalizada
como ocorre atualmente. Hoje, o número de colaboradores de empresas, aposentados
e pensionistas que pedem empréstimos com desconto em folha de pagamento, cresce
consideravelmente.
O resultado é que os brasileiros estão batendo recordes de
inadimplência, por isso, muito cuidado! É importante que as pessoas tenham
consciência na hora de utilizar essa linha de crédito. Pensando nisso, preparei
dez orientações que devem ser levadas em conta:
1. Antes de tomar
qualquer crédito, é importante conhecer a sua real situação financeira, ou
seja, fazer um diagnóstico financeiro, descobrindo para onde vai cada centavo
do seu dinheiro durante o mês, registrando também as dívidas, caso existam;
2. É muito importante
não permitir que este empréstimo e que os problemas financeiros reflitam em seu
desempenho profissional, pois será muito mais complicado pagar as contas sem
nenhum salário;
3. Antes de buscar
pelo crédito consignado, é importante tomar consciência que o custo de vida
deverá ser reduzido em até 35%, isto porque a prestação deste será retirada
diretamente de seu salário ou benefício de aposentadoria;
4. É muito comum a
utilização do crédito consignado para quitação de cheque especial, cartão de
crédito e financeiras. Isso é recomendável, porém, a troca simplesmente de um
credor por outro, sem descobrir a causa do verdadeiro problema, apenas
alimentará o ciclo do endividamento;
5. A linha de crédito
consignado, sem dúvida, se bem utilizada, é importante, mas não pode fazer
parte da rotina de um assalariado ou aposentado, visto que sua utilização deve
ser pontual para um objetivo relevante;
6. Tem sido comum o
empréstimo do nome a terceiros por parte de aposentados e até mesmo
funcionários, mas este procedimento é prejudicial a todos, por isso não deve
ser feito;
7. Caso encontre
taxas de juros mais baixas, a portabilidade também deste crédito é necessária.
Para os funcionários, o caminho será falar com a área de Recursos Humanos; para
os aposentados, as possibilidades são inúmeras, é preciso pesquisar;
8. Recomendo para
quem quer tomar o crédito consignado que, antes mesmo de assinar o contrato com
a instituição financeira, faça uma boa reflexão e analise se este valor, que
será descontado diretamente no salário ou benefício, não fará falta para os
compromissos essenciais mensais;
9. Para concluir, o
mesmo pode, sem dúvida, ser um grande aliado e não há problema se usado como
estratégia para sair de linhas de créditos com juros mais altos, para adquirir
algo de grande importância ou ainda em uma emergência. Porém, se apenas
utilizá-lo de forma não consciente, pode se tornar mais um grande vilão em sua
vida.
*Reinaldo Domingos é mestre em Educação
Financeira e terapeuta financeiro, presidente da DSOP Educação Financeira,
Abefin e Editora DSOP, autor do best-seller Terapia Financeira, dos lançamentos
Papo Empreendedor e Sabedoria Financeira, entre outras obras.
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