Novas recomendações
para combater os piolhos
É importante que os
pediatras estejam bem informados sobre infestações de piolhos e seus
tratamentos. Esses profissionais podem ser um importante ativo como fonte de
informação para famílias, escolas, comunidades e agências reguladoras
Poucas crianças em idade escolar escapam do flagelo de
piolhos. Mesmo que os insetos não coloquem em perigo a saúde da criança ou a
doença se espalhe, os piolhos, muitas vezes, provocam extrema ansiedade e
desgosto entre os pais, além de consumir tempo e dinheiro em sua detecção e
erradicação, o que leva dos consumidores e das escolas americanas cerca de US $
1 bilhão por ano.
Em Nova York e em outras áreas metropolitanas, os piolhos
deram origem a uma nova profissão: os catadores de piolho, que por cerca de US
$ 200 ajudam crianças e adultos a se livrarem dos insetos sem asas, difíceis
de ver, e de seus ovos, chamados lêndeas.
“Dado que os piolhos, companheiros dos seres humanos desde a
Antiguidade, não são suscetíveis de se tornarem extintos em breve, a Academia
Americana de Pediatria atualizou suas recomendações voltadas para os médicos
sobre a melhor forma de tratar crianças afetadas e suas famílias. Embora a
Internet esteja repleta de remédios caseiros para o problema, como
condicionador de cabelo, higienizadores de pele, maionese, óleos e chás, alguns dos quais podem ser
eficazes com um uso diligente, nenhum desses produtos foi avaliado em relação à
sua segurança e eficácia por nenhum órgão regulador”, afirma o pediatra e
homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
E outros podem ser muito perigosos! Uma menina de 18 meses
de idade morreu em fevereiro do ano passado em função da aplicação de maionese
no couro cabeludo da criança, que foi coberto com um saco plástico. A criança
foi deixada sem vigilância, o saco com o conteúdo deslizou sobre seu rosto e
ela morreu sufocada.
Uma preocupação real
A Academia Americana de Pediatria reconhece que, ao
contrário das doenças infantis inumeráveis que podem ser combatidas por
vacinas, não há nenhuma maneira infalível de evitar um ataque de piolho,
principalmente porque as crianças entram em contato cabeça-a-cabeça, uma com a
outra, com frequência.
“O banho diário não é uma prevenção eficaz. Os insetos podem
sobreviver submersos em água por 20 minutos, e os seus ovos, que se colam aos
fios de cabelo perto do couro cabeludo, são impermeáveis até mesmo para
pesticidas químicos. Uma abordagem mais eficaz, embora não uma forma de evitar
todos os casos, é uma vigilância regular por parte dos pais para detectar e
tratar primeiras infestações, evitando, assim, a propagação de outras”, destaca
o médico.
É prudente também que as crianças aprendam a não
compartilhar itens pessoais, como pentes, escovas, bonés, elásticos de cabelo e
chapéus. Embora os ovos permaneçam colados ao cabelo, os piolhos adultos
encontrados nos pentes provavelmente estão mortos. A entidade médica americana
alerta que não se deve recusar o uso de capacetes esportivos de proteção por
medo de pegar piolhos. “Embora seja certamente mais fácil detectar e tratar os
piolhos quando o cabelo é curto, o comprimento de um fio de cabelo e quantas
vezes ele é escovado ou lavado tem pouco efeito sobre o risco de uma
infestação”, destaca Chencinski.
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Piolhos só podem rastejar, não saltam ou pulam. Animais de
estimação não desempenham qualquer papel na propagação dos piolhos de uma
pessoa para outra pessoa. “Mas pentear os cabelos secos infestados por piolhos
pode acumular eletricidade estática suficiente para ejetar insetos vivos numa
distância de um metro. Piolhos adultos morrem dentro de um dia, quando fora da
cabeça de uma pessoa, pois dependem de refeições de sangue para a
sobrevivência. Além disso, seus ovos não podem eclodir a temperaturas
inferiores às do couro cabeludo. Isto sugere que, após o tratamento de membros
da família afetados e de lavar as roupas de cama e banho, sair de casa por
alguns dias pode substituir a limpeza doméstica fanática”, diz o pediatra.
A paranoia sobre piolhos entre os colegas de escola de uma
criança pode levar alguns pais a realizar um tratamento "preventivo",
mas a Academia Americana de Pediatria adverte: “nunca inicie o tratamento a
menos que haja um diagnóstico claro de piolhos vivos. As pessoas às vezes
confundem caspa, areia, e até mesmo poluição ou sujeira com lêndeas, e
desnecessariamente expõe as crianças a um pesticida e se envolvem em limpezas
domésticas frenéticas”.
Depois da eclosão dos ovos, eles passam por três fases:
ninfa, lêndeas e piolhos adultos. Os ovos vivos são escuros e difíceis de ver;
os ovos vazios são claros ou brancos e, muitas vezes, são confundidos como a
continuação de uma infestação. Os insetos chocados se alimentam através da
injeção de pequenas quantidades de saliva para expandir os vasos sanguíneos e
evitar a coagulação, em seguida, sugam pequenas quantidades de sangue a cada
par de horas. “O prurido, causado pela sensibilização para a saliva, pode não
começar até quatro/ seis semanas depois da primeira infestação, o que destaca a
importância da verificação semanal do couro cabeludo das crianças”, diz Moises
Chencinski.
Dentre as medidas eficazes de combate listadas pela Academia
Americana de Pediatria está um creme rinse
que contém 1% de permetrina, um piretroide sintético que é “menos tóxico
para os seres humanos" e "menos alergênico" do que o seu composto
de origem, a piretrina. Entre os remédios prescritos, o mais novo contém 0,5%
de ivermectina e requer apenas uma aplicação nos cabelos secos e é retirado com
água após 10 minutos. Quando tratados, os ovos eclodem e as ninfas não podem se
alimentar porque o medicamento paralisa os músculos da garganta. Outro
tratamento recente com prescrição médica envolve um medicamento com 0,9% de
spinosad, derivado de bactérias do solo, mata tanto piolhos vivos e ovos não
eclodidos, eliminando a necessidade de retratamento e de passar o pente fino
nos cabelos.
“Seja qual for o produto que você for usar para combater os
piolhos, primeiro verifique a idade para a qual ele é indicado e nunca exceda a
quantidade recomendada. Aposte na verificação das cabeças tratadas durante duas
a três semanas para ter certeza de que todos os piolhos e lêndeas morreram”,
recomenda o médico, membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial da
Sociedade de Pediatria de São Paulo.
*MW-Consultoria de
Comunicação & Marketing em Saúde
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