sexta-feira, 12 de junho de 2015


Desrespeito à inteligência e ao bolso dos brasileiros

* Sidney Anversa Victor

Embora o Brasil esteja passando por um momento muito difícil, com perspectiva de recessão, inflação acima da meta e fuga de investimentos, o Governo Federal, por meio da presidente Dilma Rousseff e os ministros da área econômica, insiste em afirmar que a situação não é grave como se propala e que os fundamentos econômicos são bons. Se essa não convincente argumentação ficasse apenas no plano retórico, já seria nociva, pois é um desrespeito à inteligência dos brasileiros. O mais grave, porém, é que está balizando as medidas destinadas a combater a crise.

O resultado é que se está tratando uma doença aguda com placebos, em detrimento de todos os setores de atividade, principalmente a indústria. Nada se faz de concreto para que os setores produtivos vislumbrem a possibilidade de retomada do crescimento. Ao contrário, adotam-se providências que conspiram contra a recuperação e não se cumprem promessas cujos efeitos poderiam ajudar na recuperação.

A presidente da República prometeu energia elétrica mais barata. Não apenas se descumpriu tal meta, como aumentou muito o preço, e com risco de “apagão”. Por conta disso, a indústria está fazendo investimentos pesados em geradores de eletricidade, num momento de retração de seus negócios. O mesmo ocorre com a perfuração de poços artesianos, para se enfrentar a crise hídrica.
O governo também prometeu medidas saneadoras e combate à inflação, mas não contém o déficit público, que alimenta a escalada dos preços, estimula uma ciranda financeira em torno dos títulos do Tesouro e aguça o apetite dos especuladores. Ou será que alguém é ingênuo a ponto de acreditar que se tirando direitos previdenciários de aposentados, viúvas e desempregados promove-se a redenção da responsabilidade fiscal? Ninguém fala em cortar os altos salários dos apaniguados políticos contratados nos cargos em comissão, da festa das passagens aéreas, do excesso de ministérios e dos gastos supérfluos. Ah, sim, e do dinheiro que escorre aos borbotões pelo ralo da corrupção!

Todo esse descompasso influenciou o descontrole do câmbio, com a desvalorização do real ultrapassando o limite interessante para os exportadores e atingindo patamar letal para quem investiu em dólar para comprar equipamentos e promover atualização tecnológica. Este, aliás, é o caso da indústria gráfica. Nosso setor foi um dos que deram voto de confiança às promessas de crescimento do PIB e ajuste da economia, endividando-se em moeda estrangeira para investir. Agora, com mercado recessivo e falta de encomendas, sofre muito com o aumento significativo da amortização dos financiamentos dos bens de capital importados.

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