30% das mães acreditam que os filhos
são discriminados por não terem os mesmos produtos dos colegas
Estudo do SPC Brasil
mostra também que quatro em cada dez mães percebem uma disputa entre as
famílias sobre os produtos usados por seus filhos no colégio
Se cuidar da educação financeira já é uma lição de casa
difícil para os adultos, quando o orçamento mais apertado atinge o consumismo
dos seus filhos e a imagem deles na escola, fica ainda pior. Uma pesquisa
realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 30% das mães entrevistadas
acreditam que seus filhos já sofreram discriminações por não terem os mesmos
produtos dos colegas.
Esta situação, no entanto, não ocorre em segmentos
específicos da população. "É um aspecto que transita em todas as classes
sociais e faixas etárias, sem diferença estatística", diz a
economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. "Não importa a idade da
criança ou adolescente, e nem se ele pertence à classe A ou C, no colégio
sempre existe alguma modinha de produtos específicos, e o aluno que não tiver
pode vir a ser discriminado", analisa.
Para Kawauti, as diferenças sociais podem servir para
reforçar uma situação de discriminação. "No caso do filho acreditar no que
dizem sobre ele por não ter algum produto, cabe aos pais mostrarem que isso
está errado e que a situação financeira não necessariamente reflete o caráter,
a personalidade e o valor das pessoas", aconselha a economista. "E os
pais também devem conversar com os responsáveis na escola, também responsáveis
por combater esse comportamento discriminatório."
Disputa entre as
famílias
O estudo do SPC Brasil também identificou que justamente as
famílias podem ser responsáveis pela discriminação que seus filhos sofrem na
escola. Quatro em cada dez (39,8%) mães entrevistadas perceberam uma disputa
entre as famílias dos colegas de seus filhos sobre a posse de bens ou serviços,
como roupas, calçados, brinquedos e viagens. Segundo o educador financeiro do
SPC Brasil e do portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, o consumo, portanto,
parece ser utilizado como um mecanismo para expor e demarcar diferenças.
Além disso, 23% das mães afirmam se sentirem desconfortáveis
ao ver que os colegas têm produtos melhores do que seus filhos. "É difícil
ver seu filho em uma situação considerada inferior que dos seus colegas",
afirma Vignoli.
Mas ele faz uma ressalva importante: "Isso deve ser
conversado com os filhos, os diretores da escola e com os pais dos amigos nas
reuniões do colégio. Por mais que a vontade de dar produtos de boa qualidade
seja positiva, não necessariamente esse produto tem que ser caro ou de uma
marca famosa, que esteja na moda no meio daquele grupo. E definitivamente, a
família não deve gastar mais do que pode para agradar os filhos, podendo até
gerar dívidas por esse motivo".
Para o educador financeiro, é fundamental que as mães não
estimulem esse clima de disputa consumista, que muitas vezes começa entre os
próprios adultos e acaba refletindo entre as crianças e adolescentes.
Metodologia
A pesquisa entrevistou 843 mães das 27 capitais que possuem
filhos com idade entre dois e 18 anos. A opção por entrevistar apenas as mães
se justifica porque as crianças e adolescentes, dependendo da idade, não possuem
fonte de renda. Outro motivo foi para manter um padrão, neutralizando as
diferenças que um pai e uma mãe podem ter na relação com seus filhos. A margem
de erro é de no máximo 3,4 pontos percentuais para um intervalo de confiança de
95%.
Acesse a pesquisa na íntegra e a metodologia clicando em
"baixar arquivos" no link:
https://www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas
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