Crise: perda de receita exige redução
no padrão de consumo
*Lélio Braga Calhau
Reconhecer que se está em situação de endividamento não é
fácil. Tudo que é ruim nos causa dor. É tão fácil hoje usar as linhas de
crédito mais caras, como cartão de crédito e cheque-especial, que tendemos a
achar que está "tudo sob controle", mesmo quando temos dívidas que
nunca terminam.
Um recente curso organizado pelo PROCON carioca promoveu a
capacitação de consumidor no tocante à sua educação financeira. O evento está
disponível gratuitamente no canal da instituição no Youtube e recomendamos
acompanharem as interessantes publicações.
Um dos momentos que me chamou a atenção nesse evento foi o
testemunho de um consumidor, sobre um detalhe que poucas pessoas refletem no
seu dia a dia, mas que é essencial para não se perder o controle financeiro. As
pessoas, muitas vezes, não sabem se adequar a um novo momento financeiro
negativo, causado por uma demissão, aumento de despesas, doença, ou qualquer
outro motivo.
Quando há uma queda brusca na receita, no geral, as pessoas
não adotam medidas rápidas e com a mesma proporcionalidade para se adequar ao
novo momento. Ou seja, caiu 15% a receita, deve se reduzir imediatamente 15% o
padrão de consumo. Quando isso acontece, muitas vezes, o consumidor fica
tentado a achar que o problema não é grave. Ele usa, então, o cartão de crédito
para empurrar o problema para a frente. Depois, a dívida acaba se tornando uma
"bola de neve" e fica difícil de ser paga.
Ou seja, quando há uma queda brusca de receita, as pessoas
não baixam imediatamente o seu padrão de consumo de forma proporcional a essa
queda. Então, as pessoas acabam utilizando as "facilidades" de linhas
de crédito mais caras e não conseguem sair das dívidas depois. Em pouco tempo,
estão superendividadas e daí para a insolvência, quando não possuem reservas, é
um perigo muito próximo.
Fique atento a esse detalhe. Você é o gerente do seu
equilíbrio financeiro. Converse com toda família sobre uma eventual perda de
poder aquisitivo e incentive a cooperação de todos para um novo momento. Quando
a situação melhorar e houver a respectiva "reserva de emergência ",
todos se beneficiarão novamente. Haja rápido, quando houver necessidade, e não
deixe o endividamento crescer e te pegar de surpresa. Seu bolso agradecerá!
*Lélio Braga Calhau é
Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas
Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e
Cidadania pela UFG-RJ ecoordenador do site e do Podcast "Educação
Financeira para Todos".
**InformaMídia
Comunicação
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