Pai rico, filho nobre, neto pobre
*Lélio Braga Calhau
Repercutiu intensamente nas mídias sociais a matéria
publicada pela Folha de São Paulo, neste domingo (18/10/15), sobre a situação
financeira dos netos e bisnetos de Oscar Niemeyer, que trabalhou até os 104
anos como arquiteto. Segundo a matéria, seus netos e bisnetos estariam hoje sem
fonte de renda e disputando uma herança minguada.
A situação acima me lembrou uma expressão popular, bem
antiga: "Pai rico, filho nobre, neto pobre". Embora a matéria se refira a um caso
específico, que talvez tenha chamado a atenção pelas quantias envolvidas, essa
situação ocorre mais perto de nós do que imaginamos, só muda o fato de que os
valores são muito menores.
Conheço diversos casos de pessoas que mesmo em idade
avançada sustentam adultos que podem trabalhar, mas preferem viver de mesadas
irreais que os avós ou bisavós proporcionam. Eles compram carros caros,
investem em cavalos, possuem casas gigantescas com despesas enormes, fazem
viagens caras, etc. É um padrão de consumo, que se retirada a ajuda financeira
do provedor, não é sustentável nem no curto prazo.
Bem, todo mundo sabe o que acontece nesses casos após o
falecimento do provedor. Quando a fonte de renda termina há uma queda violenta
na capacidade de se auto sustentar. E pior, a fonte se esgota e a pessoa não
possui as habilidades financeiras para reorganizar a sua vida.
As pessoas que passaram anos (ou décadas) só consumindo de
forma não sustentável, não desenvolveram comportamentos financeiros frugais,
ficaram fora do mercado de trabalho e não acompanharam a sua evolução, quando
sofrem um baque na perda de renda abrupta, não conseguem se adaptar a essa nova
realidade. E os resultados são sinistros.
Na maioria dos casos, viveram padrões de consumo
insustentáveis durante longos períodos e acabam por ter uma queda abrupta de
rendimentos, e como não se prepararam, chegam a ter uma diminuição de até 90%
do seu “padrão de vida”. Gente que era rica até vinte anos atrás, hoje está
correndo atrás de um salário mínimo para sobreviver ou vivendo de favor de
parentes e amigos próximos.
Fique atento com essas experiências negativas e não caia
nessas armadilhas financeiras. Comece a construir o seu futuro ainda hoje.
Você já parou para refletir como estará financeiramente
daqui a vinte anos? O momento de pensar (e começar a se preparar) é agora. Não
sabemos o nosso futuro, mas podemos tentar construir “redes de proteção” para a
nossa vida. Fique atento com isso.
O dinheiro não aceita desaforo.
*Lélio Braga Calhau é Promotor de
Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado
em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela
UFG-RJ e Coordenador do site e do Podcast "Educação Financeira para
Todos".
Sobre a Educação Financeira para
Todos:
Criado e mantido por Lélio Braga Calhau,
Promotor de Justiça do Consumidor no Ministério Público de Minas Gerais, o
Portal Educação Financeira Para Todos promove conteúdo gratuito sobre
planejamento financeiro. Sua missão é conscientizar os consumidores brasileiros
através de artigos, cases, vídeos e reflexões sobre gastos sem planejamento.
www.educacaofinanceiraparatodos.com
**InformaMídia Comunicação
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