Educador financeiro dá
orientações de como fugir dos altos juros e inadimplência
De acordo com informações divulgadas pelo Banco Central
(BC), os juros bancários e a inadimplência alcançaram seu maior patamar, em
março deste ano. O juro médio chegou a 50,9% a.a., enquanto que o número de
famílias e empresas que não honraram com seus compromissos avançou para 5,6%.
Paralelo a esse cenário, temos a triste realidade de que o
desemprego ultrapassou a marca de 10% em fevereiro, e esse é o motivo dado pela
maioria daqueles que não conseguiram pagar suas contas em dia. Além disso, o
país passa por um momento delicado, de forte recessão, inflação alta, enfim,
economia instável.
Diante de um problema complexo e que parece estar longe de
acabar, o educador financeiro e presidente da Associação Brasileira de
Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, dá algumas orientações.
“Nesse momento, não adianta ficar achando culpados; é hora de arregaçar as
mangas e ir atrás do prejuízo. O grande segredo é corrigir a causa do problema,
não somente as consequências”, explica.
Em outras palavras, as pessoas precisam começar a entender
que, se bem usadas, as ferramentas de crédito são vantajosas; a questão
principal é que a maioria não teve uma base de conhecimento sobre o assunto. “O
que os brasileiros devem fazer é se se informar mais, para corrigir hábitos e
comportamentos errôneos e enraizados em relação ao uso e à administração dos
recursos financeiros, que os levam a pagar juros altíssimos e,
consequentemente, à inadimplência”, complementa o educador financeiro.
Com base em seus anos de experiência trabalhando com
comportamento financeiro, Domingos listou os 7 maiores pecados que as pessoas
cometem e que as levam à inadimplência e como virar esse jogo:
Falta de planejamento:
as pessoas não sabem para onde vai o dinheiro, não possuem controle. As pessoas
não se dão conta que o descontrole financeiro não acontece nos grandes gastos,
mas sim nos pequenos. Para evitar que isso ocorra, o correto é o preenchimento
de uma caderneta diária de todos os gastos, que chamamos de apontamento, e
realizar uma planilha mensal por três meses, conhecendo os seus verdadeiros
números.
Marketing e
publicidade: a suscetibilidade às ferramentas de marketing e publicidade
faz com que as pessoas comprem o que elas não precisam. Isso acontece
diariamente. O caminho para evitar esse problema é não comprar por impulso; o
ideal é se questionar se realmente precisa desse produto, qual a função que
terá em sua vida, etc.
Crédito fácil:
buscar ferramentas de crédito fácil, como empréstimos, crediários,
financiamentos, limite do cheque especial, ou pagar o mínimo de cartão de
crédito, já é uma forma de endividamento. O mercado oferece milhares de
produtos de fácil acesso, contudo, os juros cobrados são abusivos e fazem com
que a inadimplência se torne alta. A solução é evitar esses meios. No caso de
cartão de crédito, o ideal é ter só um e, em caso de descontrole, até mesmo
eliminar. Também é interessante não ter limite de cheque especial.
Parcelamentos: ao parcelar as compras, as
pessoas não percebem que já estão se endividando. Para piorar, muitas vezes, o
consumidor se esquece de colocar esses valores no orçamento, o que pode
comprometer seriamente as finanças. Um parcelamento é uma forma de crédito, pois
você está usando um dinheiro que não possui. Caso seja fundamental parcelar,
deverá constar no orçamento mensal da pessoa, que sempre que receber seus
rendimentos, separará parte do valor para pagar essa dívida. Também é
interessante ter uma poupança paralela, para que, em caso de imprevistos, tenha
como arcar com esses valores.
Falta de sonhos:
não ter objetivo para o dinheiro causa inadimplência. Sem um destino para o
dinheiro, se gasta de forma irresponsável, levando ao endividamento. Isso
ocorre muito pela falta de capacidade das pessoas de sonhar. Para sair deste
problema, é recomendável fazer um exercício simples: refletir sobre o que se
quer para o futuro. Tendo isso estabelecido, deve cotar os valores e determinar
parte de seu dinheiro para esse fim. Com isso em mente, será muito mais difícil
cair nas armadilhas do consumismo e crédito fácil.
Necessidade de status
social: acreditar que consumir é importante para ser aceito socialmente faz
com que as pessoas comprem sem ter condições. Isso porque acreditam que possuir
alguma coisa é o que fará a diferença para os outros, e não o que ela realmente
é. O consumo dessa maneira irá apenas suprir a dificuldade de relacionamento
interpessoal. A solução para esta questão é ter objetivos claros e perceber que
é muito mais importante ter conteúdo do que ter produto.
*DSOP Educação Financeira
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