Terceira idade inadimplente: educador
financeiro explica como sair das dívidas
*Reinaldo Domingos
De acordo com um levantamento realizado pela Serasa Experian,
dentre os 56,4 milhões de brasileiros inadimplentes – ou seja, aqueles que não
conseguiram honrar com seus compromissos financeiros em suas devidas datas –, 7
milhões possuem mais de 61 anos de idade, que representam 12% do total. Isso é
reflexo da falta de educação financeira da população como um todo.
São raras as pessoas que dizem ter sido ensinadas a como se
planejar financeiramente. É claro que todos sabem que não devem gastar mais do
que ganham, mas essa premissa não é o suficiente para evitar que se tornem
endividados ou até mesmo inadimplentes em algum momento da vida, especialmente
na terceira idade.
Digo que nessa fase acontecem mais problemas porque, além
deles próprios não saberem administrar seu dinheiro de maneira correta, existem
ainda terceiros que acabam utilizando o nome dos aposentados para obterem
crédito; alguns são parentes e amigos, mas é preciso tomar muito cuidado com
outras pessoas agindo de má fé, estelionatários, que aplicam golpe para
conseguir dinheiro mais fácil.
Com minha experiência
na área de finanças e de educação financeira, desenvolvi algumas orientações
que auxiliam a sair das dívidas e ir além, mudar o comportamento financeiro
para que não cometa os mesmo erros novamente. Veja:
- Dois fatores levam ao endividamento são eles: o crédito
fácil, conjugado com a competente propaganda, por isso, cuidado para não
comprar o que não sonhava, com o dinheiro que você não tem, para impressionar,
muitas vezes, até mesmo quem você não conhece;
- As facilidades de créditos, como limite de cheque
especial, cartão de crédito e crediários têm sido verdadeiros vilões nesta
ciranda do endividamento e inadimplência. Fique atento!;
- Não empreste seu nome para que parentes e amigos façam
dívidas. Se eles não podem usar o próprio nome, é porque provavelmente já estão
com problemas de endividamento;
- Antes de sair
negociando é preciso ter pleno domínio do seu dinheiro, fazer um diagnóstico
financeiro, registrando o que se ganha, o que se gasta e conhecer seu
verdadeiro perfil financeiro;
- Faça um apontamento de despesas diárias, separando por
tipo de despesas, pelos próximos 30 dias. Esse é o caminho para que fique tudo
mais claro, podendo cortar gastos e reduzir excessos;
- Muitas vezes, é importante dizer “devo, não nego, pago,
como e quando puder”. Nunca se deve procurar um credor (pessoa para quem você
deve) antes de ter domínio completo de sua situação e condições;
- Estar endividado nem sempre é um problema, o problema é
quando não se consegue pagar este compromisso. Portanto, não é motivo para
desespero, mas sim para cautela e planejamento;
- Procure guardar dinheiro para comprar à vista e com algum
desconto. O sonho da independência financeira passa entender que dinheiro é
meio e não fim;
- A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o
endividamento; procure por linhas de créditos mais baixas. Mas é importante
frisar que isso não resolve a causa do problema;
- No planejamento
para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos, geralmente as
de cartão de crédito e cheque especial;
- Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que
repensar seu padrão de vida, pois, se já se endividou com o que ganha, isso
reduzirá ainda mais nos próximos meses com as parcelas. Cuidado!;
- Não existe uma porcentagem exata de quanto terá que
direcionar para pagar as dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro
feito previamente;
- Estabeleça uma estratégia para sair do endividamento,
conhecendo detalhadamente os credores, valores, taxas de juros;
- Quem compra a prazo, paga juros, quem paga juros paga mais
caro e tem dívidas, e quem tem dívidas realiza menos sonhos;
- Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha
certeza que as mesmas cabem em seu orçamento. Caso contrário, o problema se
tornará ainda maior;
- E lembre-se, por
mais que a idade seja avançada, nunca é tarde para sonhar, pode ser uma viagem,
um passeio especial, enfim, o que quiser. Uma vida sem sonhos, sem objetivos, é
muito mais propensa à dívidas. Tenha foco e disciplina, mas viva a vida!
*Reinaldo Domingos, educador financeiros, presidente da
Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação
Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não
é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.
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