As novas raposas do
galinheiro
*Reginaldo Gonçalves
O cenário da votação
da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos
Deputados apresentou surpresas que poderão refletir o embaraço em que se
encontra o governo, devido à falta de apoio da base aliada. É iminente a
possibilidade de a chefe de Estado, eleita pelo povo, ser afastada, embora já
seja possível vislumbrar a dificuldade que haverá no Senado, inclusive com a
possibilidade de reversão do processo.
Não é uma situação
fácil. Caprichos e posicionamentos de deputados em sua votação não demonstraram
firmeza quanto às suas posições ante os problemas que colocaram o governo na
berlinda. Muitos exaltavam e glorificavam Deus, ou falavam em filhos e família,
quando grande parte dos congressistas tem problemas jurídicos, inclusive o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, contra o qual pesam evidentes situações de
desvio de finalidade e operações de cunho duvidoso.
Em meio a essas
questões políticas, para a economia a situação continua sem uma definição. O
desemprego é alto e a inflação é o problema que o Banco Central segue tentando mitigar, por meio da estratégia de
manejo da Selic.
O cenário
internacional cobra mudanças. Somos um dos países mais importantes da América
Latina e tudo está sendo visto com apreensão. O que todos buscam está ligado a
interesses comerciais, mas não é possível confiar em um país onde grande parte
dos políticos é constituída por corruptos, quando não, mentirosos.
O desgaste da presidente Dilma em torno das pedaladas
fiscais e uso das estatais para fortalecer o caixa do governo foi pontual.
Contudo, o mais grave é o uso dos recursos dos Créditos Suplementares, cuja
utilização exige aprovação do Parlamento. Tal norma está estabelecida na Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF) e pode ser o argumento mais forte para o
impedimento.
Por outro lado, as dúvidas pairam sobre o possível Governo
Temer. Pergunta-se: terá apoio da grande maioria, importante para o País ser
governável? Existe a grande possibilidade de que Renan Calheiros o apoie e que
possa pesar no voto do Senado, mas ainda precisa haver melhor avaliação se
haverá condições para as efetivas mudanças das quais o Brasil precisa.
Qualquer transformação exige toda cautela. A estagnação do
País é notória, mas há necessidade de readquirir a confiança externa para que
possa haver interesses em investimentos que permaneçam aqui, não somente de
investidores abutres que buscam juros no curtíssimo prazo e depois debandam
para outros países. A retomada de investimentos tem de fazer parte da pauta do
novo governo, assim como a busca por empregabilidade e redução dos juros. Outro
ponto fundamental é a composição do conselho de administração das estatais e de
seus fundos de previdência. A gestão não pode ter forte interferência do
governo. Essa ingerência já fez com que companhias de economia mista perdessem
caixa e os investimentos passassem a segundo plano.
A grande força para
mudanças agora estará nas mãos também da população, que precisa unir-se para
que sua vontade prevaleça além do voto. Percebemos que o peso do eleitor
manifesta-se somente na eleição. Depois dela, poucos honram o voto recebido e
os compromissos intrínsecos a ele. Um país soberano e livre de corrupção
depende de cada um assumir o seu papel. Não é possível viver com a “Lei de
Gerson”. O que se observa na história é que todos perdem quando poucos querem
“levar vantagem”.
Infelizmente, o País continua na mão das raposas! As
galinhas que se cuidem!
*Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de
Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).
**Ricardo Viveiros
& Associados – Oficina de Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário