Excesso de cuidados com
o corpo e a aparência são prejudicais á saúde física e mental
Conhecida como dismorfofobia corporal, a perturbação da percepção e
valorização exagerada do corpo é um transtorno mental que pode acarretar em
doenças como anorexia, bulimia e vigorexia
Na sociedade
contemporânea evidenciada pela busca da estética e do corpo perfeito, muitas
pessoas acreditam que a regra para ser feliz baseia-se na aparência. Embora a
beleza seja importante para o bem-estar e a autoestima e constitua um fator
essencial para saúde física e mental, o descontrole com os padrões estéticos
podem ocasionar em doenças psíquicas e físicas, explica o psicólogo e professor
da Faculdade Santa Marcelina (FASM), Breno Rosostolato.
“Ao longo
dos anos, as pessoas passaram a acreditar que todo sacrifício é pouco para
alcançar o padrão de beleza ou cultivar corpos esculturais. Tudo a favor da
estética e contra a saúde, uma vez que, o sofrimento, a dor e o inconformismo
são inevitáveis”.
O
especialista ressalta que essa cultura da perfeição leva o indivíduo a uma
escravidão da “imagem fantasiosa”, ocasionando um distanciamento da realidade.
“A perda da identidade é gradativa e a alienação à vida é uma consequência
trágica”- afirma.
Um estudo a respeito da construção do padrão
de beleza ainda na infância, realizado por uma pesquisadora da Universidade de
São Paulo (USP), ressalta que, já aos cinco anos, as meninas relacionam
feminilidade com consumo, padrão de beleza e casamento. O psicólogo explica que
esses pensamentos, ao longo da vida, podem levar o indivíduo a desenvolver o
transtorno dismórfico corporal, conhecido como dismorfofobia ou dismorfia
corporal.
“A
dismorfofobia é uma perturbação da percepção e valorização corporal,
caracterizada por uma preocupação exagerada com um defeito real ou imaginada na
aparência física”. Conforme o especialista, a dismorfia seria a base de alguns
distúrbios alimentares como a anorexia, bulimia e vigorexia.
De acordo com o psicólogo, os fatores que
provocam esse transtorno podem ser sociais, culturais e psicológicos, sendo
que, as pessoas ansiosas, perfeccionistas e depressivas estão mais vulneráveis
a doença.
“No geral,
as características das pessoas com esse transtorno psicológico, além de
exagerar em maquiagens, passar horas observando-se atentamente no espelho, se
comparando com os outros, se resume em procurar defeitos em partes do corpo, a
ponto de cobrir e esconder partes que não gostam, como pescoço, nariz, ombros,
costas, entre outras partes”.
Ao falar
sobre os tratamentos para dismorfofobia corporal, o especialista afirma que o
acompanhamento psicológico é importante para reconstruir a autoconfiança do
paciente, pois se faz com tratamentos que que preveem a prescrição de fármacos
e associado à psicoterapias.
Breno alerta
que embora seja é difícil livrar-se totalmente destes padrões uma vez que a
sociedade se alimenta e os enaltece, é importante manter a razoabilidade.
“Devemos questionar, indagar e não aceitar as regras sociais que mais servem
para agredir do que para acolher. Assim vamos conseguir combater a escravidão
da estética” – destaca.
*Ricardo Viveiros
& Associados – Oficina de Comunicação
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