Pesquisa indica
evidência que explica porque gestantes têm mais chances de apresentar
complicações do vírus H1N1 em comparação a outros pacientes
Com a participação de
especialistas brasileiros, estudo defende que mecanismos imunológicos pioram os
quadros de gripe suína entre grávidas
Tradicionalmente
mais comum durante o inverno, a gripe H1N1 (Influenza A) vem assustando
diversas regiões do Brasil num momento inesperado. Quase 50 pessoas já morreram
no primeiro trimestre de 2016 no país em função da doença, e as projeções são
preocupantes. Há centenas de registros em São Paulo, Santa Catarina, Bahia,
Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro entre outros estados. Todos precisam
estar muito atentos, mas as mulheres – especialmente as grávidas – precisam
redobrar a atenção. Realizado por uma pesquisadora da Universidade de Mumbai
(na Índia) em parceria com instituições brasileiras e a Universidade do Texas,
um estudo publicado no International Journal of Health and Allied Sciences
sugere o porquê de gestantes terem mais chances de apresentar casos mais graves
quando comparadas a outras pessoas.
Segundo o médico brasileiro Marcello Bossois,
especialista em imunologia que participou diretamente das pesquisas, isso
ocorre porque as grávidas apresentam maiores taxas de hormônios sexuais.
“Durante a gestação há uma verdadeira explosão hormonal que é responsável por
uma completa desregulação no sistema imune das pacientes”, comenta. “O
crescimento descontrolado do hormônio progesterona, principal causador deste
distúrbio, pode gerar muitas complicações respiratórias, especialmente o
Influenza A”, explica.
Em um
momento de muito medo entre as grávidas por conta do surto de Zika vírus e sua
possível relação com quadros de microcefalia nos bebês, pode surgir no Brasil
uma nova causa de preocupação para elas. De acordo com Bossois, as gestantes são
as que mais sofrem com a gripe suína, e este processo pode estar intimamente
relacionado a uma desregulação da balança imunológica TH1 e TH2.“Durante a
gestação, e até no período de amamentação, há uma interação dos hormônios com
proteínas carreadoras do sangue como albumina e globulina, que adquirem uma
forma de antígeno que provoca uma resposta imunológica responsável por
potencializaras reações da doença”, alerta o especialista. Não só no caso da
gripe suína, mas o estudo poderá aprofundar o conhecimento por parte da ciência
sobre a relação das grávidas com doenças de fundo respiratório em geral.
E a
orientação é no sentido da prevenção. Para Marcelo Bossois, o caminho para se
evitar o H1N1 é por meio de medidas preventivas: vacinação contra a doença;
sempre limpar as mãos com higienizadores e evitar locais fechados por longos
períodos. Ele afirma que mulheres grávidas podem e devem ser vacinadas contra o
vírus Influenza A H1N1 e lembra que os postos de saúde oferecem gratuitamente a
vacina.
*Projeto Brasil sem Alergia
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