Na crise, brasileiro
escolhe cortar atividades de lazer em vez de gastos com beleza, aponta estudo
do SPC Brasil
13% dos brasileiros
estão inadimplentes porque gastaram mais do que podiam com produtos de beleza;
70% fazem compras desnecessárias para cuidar da aparência e 39% deixam de
poupar em razão desses gastos
Uma pesquisa nacional feita pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
revela que mesmo em tempos de crise, os gastos com beleza ainda são vistos como
uma prioridade para muitos consumidores brasileiros. O levantamento aponta que
diante da crise econômica que tem deixado o orçamento das famílias mais
apertado, o brasileiro optou por abrir mão de gastos com atividades de lazer em
vez de diminuir as compras de produtos e serviços relacionados à beleza e
estética.
Em decorrência das dificuldades financeiras impostas pela
atual conjuntura, os consumidores disseram que os itens que mais sofreram
cortes foram as saídas para bares e restaurantes (35,4%) e as viagens (30,9%).
Somente em terceiro lugar aparecem as compras de roupas, acessórios e sapatos
(29,2%), seguidas por cortes na contratação de TV por assinatura (19,7%) e da
diminuição do uso de telefones fixo e celular (18,8%). Cortes com gastos com
salão de beleza são apenas a sexta alternativa mais citada, com 16,7% de
menções.
Academia (11,3%), cosméticos (6,8%) e tratamentos em
clínicas de estética (6,4%) estão entre as últimas posições no ranking de
cortes realizados em virtude da crise, ficando atrás de idas ao cinema e teatro
(16,5%), despesas do lar (13,9%) e compra de doces, salgadinhos e bebidas
(13,2%). Para metade dos entrevistados a decisão na escolha de contenção de
gastos foi definida em função dos itens que eles consideram menos importantes
para o dia a dia.
13% estão com nome
sujo por não pagarem gastos com beleza
A preocupação com a aparência física, se não bem
administrada, pode prejudicar a saúde financeira dos consumidores. A pesquisa
aponta também que 13,4% dos brasileiros estão registrados em serviços de
proteção ao crédito por atrasos no pagamento de produtos relacionados à beleza,
como roupas, calçados e acessórios, cosméticos, maquiagens, tratamentos
estéticos e odontológicos. Além disso,
10,8% dos consumidores ouvidos já deixaram de pagar alguma conta para priorizar
cuidados com a beleza - o percentual sobe, principalmente, quando levado em
consideração o público feminino (14,8%) e as pessoas da classe C (12,3%).
70% fazem gastos
desnecessários para cuidar da aparência
De acordo com a pesquisa, sete em cada dez (70,4%)
consumidores admitem o hábito de comprar produtos ou serviços de beleza mesmo
sem necessidade, sobretudo as mulheres (79,2%) e pessoas da classe C (73,0%).
Nesse caso, os itens mais mencionados nas compras desnecessárias são roupas,
calçados e acessórios (37,1%), cuidados com o cabelo (25,6%) e cosméticos e maquiagem
(23,8%). Além disso, 76,9% dos entrevistados reconhecem que já compraram, ao
menos uma vez, algum produto ou serviço de beleza que não chegou a ser
utilizado ou foi utilizado somente por alguns dias. Outro dado é que quatro em
cada dez (43,7%) consumidores ouvidos admitiram gastar mais com produtos de
beleza quando estão deprimidos e querem levantar a autoestima.
Com uma parcela considerável de consumidores priorizando
gastos com beleza, muitos acabam terminando o mês sem sobras no orçamento:
38,7% confessaram na pesquisa que já deixaram de guardar dinheiro para adquirir
produtos ou serviços relacionados à beleza, com destaque para as mulheres
(51,4%), pessoas com idade entre 18 e 34 anos (53,4%) e que pertencem à classe
C (42,4%).
Enquanto alguns consumidores deixam de economizar porque
gastam parte da renda com produtos de beleza, há entrevistados que fazem o
contrário: mais de um terço (33,7%) das pessoas ouvidas alega ter o hábito de
juntar dinheiro para conseguir comprar produtos e serviços desse segmento,
percentual que sobe para 42,4% entre o público feminino.
Para o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José
Vignoli, “Cuidar da beleza é importante para manter a autoestima e a satisfação
pessoal. Nesse sentido, a pesquisa reforça que grande parte do público enxerga
esse tipo de gasto não como algo supérfluo, mas como uma necessidade do dia a
dia. O alerta é que isso deve ser feito com moderação, entendendo as reais
possibilidades e sem prejudicar o orçamento doméstico”, orienta Vignoli.
Metodologia - A
pesquisa ouviu 790 consumidores de ambos os gêneros, todas as classes sociais e
acima de 18 anos nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de no máximo
3,5 pontos percentuais a uma margem de confiança de 95%.
Baixe a íntegra da pesquisa e a metodologia em
https://www.spcbrasil.org.b
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