sexta-feira, 15 de abril de 2016

Pesquisa indica evidência que explica porque gestantes têm mais chances de apresentar complicações do vírus H1N1 em comparação a outros pacientes

Com a participação de especialistas brasileiros, estudo defende que mecanismos imunológicos pioram os quadros de gripe suína entre grávidas

Tradicionalmente mais comum durante o inverno, a gripe H1N1 (Influenza A) vem assustando diversas regiões do Brasil num momento inesperado. Quase 50 pessoas já morreram no primeiro trimestre de 2016 no país em função da doença, e as projeções são preocupantes. Há centenas de registros em São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro entre outros estados. Todos precisam estar muito atentos, mas as mulheres – especialmente as grávidas – precisam redobrar a atenção. Realizado por uma pesquisadora da Universidade de Mumbai (na Índia) em parceria com instituições brasileiras e a Universidade do Texas, um estudo publicado no International Journal of Health and Allied Sciences sugere o porquê de gestantes terem mais chances de apresentar casos mais graves quando comparadas a outras pessoas.
 Segundo o médico brasileiro Marcello Bossois, especialista em imunologia que participou diretamente das pesquisas, isso ocorre porque as grávidas apresentam maiores taxas de hormônios sexuais. “Durante a gestação há uma verdadeira explosão hormonal que é responsável por uma completa desregulação no sistema imune das pacientes”, comenta. “O crescimento descontrolado do hormônio progesterona, principal causador deste distúrbio, pode gerar muitas complicações respiratórias, especialmente o Influenza A”, explica.
Em um momento de muito medo entre as grávidas por conta do surto de Zika vírus e sua possível relação com quadros de microcefalia nos bebês, pode surgir no Brasil uma nova causa de preocupação para elas. De acordo com Bossois, as gestantes são as que mais sofrem com a gripe suína, e este processo pode estar intimamente relacionado a uma desregulação da balança imunológica TH1 e TH2.“Durante a gestação, e até no período de amamentação, há uma interação dos hormônios com proteínas carreadoras do sangue como albumina e globulina, que adquirem uma forma de antígeno que provoca uma resposta imunológica responsável por potencializaras reações da doença”, alerta o especialista. Não só no caso da gripe suína, mas o estudo poderá aprofundar o conhecimento por parte da ciência sobre a relação das grávidas com doenças de fundo respiratório em geral.
E a orientação é no sentido da prevenção. Para Marcelo Bossois, o caminho para se evitar o H1N1 é por meio de medidas preventivas: vacinação contra a doença; sempre limpar as mãos com higienizadores e evitar locais fechados por longos períodos. Ele afirma que mulheres grávidas podem e devem ser vacinadas contra o vírus Influenza A H1N1 e lembra que os postos de saúde oferecem gratuitamente a vacina.

*Projeto Brasil sem Alergia

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