Não há uma solução milagrosa para a
sustentabilidade no manejo de pragas em campo
*Marcelo Poletti
Atualmente, há uma percepção de que a exclusão dos produtos
químicos utilizados para o controle de pragas é solução imediata para uma
agricultura mais saudável e sustentável. Porém, considerando a extensão das
áreas agricultáveis no Brasil e o progresso alcançado nos últimos 15 anos,
percebe-se que os desafios neste setor são enormes. De fato, é importante
considerar que o controle químico ainda é a principal ferramenta empregada pelo
agricultor e que a sua adoção nem sempre é realizada de forma adequada, o que
sem dúvida, leva a uma série de problemas que afetam a sustentabilidade no
campo. Isso tem que mudar, pois é inaceitável.
Essa desestabilidade tem impulsionado o desenvolvimento de
pesquisas na busca de inovações que contribuam para equacionar e parametrizar o
binômio agricultura e meio ambiente. Porém, conhecendo-se de perto a dimensão
continental que o Brasil rural assume, bem como as suas diversidades e
complexidades de paisagens em regiões com características específicas,
verifica-se que é impossível afirmar que uma tecnologia, por mais
revolucionária que possa parecer, consiga solucionar isoladamente esta questão.
Desta forma, excluir os agroquímicos da caixa de ferramentas
do produtor rural, restringe e muito, seu leque de opções. A adoção de produtos
químicos seletivos com alta performance e baixo impacto ambiental contribuirá
com a preservação de inimigos naturais e agentes polinizadores presentes nas
áreas de cultivo. Ao mesmo tempo, a
aplicação de produtos seletivos permitirá a integração desta ferramenta com a
liberação de ácaros predadores, microvespas, bactérias, fungos e vírus, todos
produtos biológicos com registros concedidos pelos órgãos regulamentadores
vigentes no país. O uso conjunto de táticas de controle é a forma mais coerente
e viável para que o agricultor consiga migrar de um sistema de produção em
desequilíbrio para um ambiente mais estável e menos dependente do uso exclusivo
de químicos.
No entanto, apontar o caminho para a sustentabilidade no
manejo de pragas em campo é apenas o primeiro passo de uma longa caminhada que
deve ser iniciada com a educação e transferência do conhecimento. Não basta ter
novas opções dispostas em prateleiras de distribuidores e revendas, se suas
características intrínsecas não forem completamente entendidas e assimiladas
por profissionais do setor. Conhecer os benefícios, restrições de uso e a forma
mais adequada para o emprego de cada tecnologia, bem como entender como
integrá-la corretamente à diferentes estratégias de manejo de pragas é
imprescindível para o sucesso de sua adoção. Para isso o suporte dado pelos
fabricantes e fornecedores de insumos é extremamente importante, inclusive para
preservar a vida útil das tecnologias ofertadas.
A agricultura do futuro exige cada vez mais profissionalismo
e consciência dos reflexos de cada ação adotada em campo. Como em um jogo de
xadrez, só vence aquele profissional que entende todas as regras impostas pelo
meio e que acima de tudo mantém durante todas as jogadas uma boa visão
estratégica. Produzir cada vez mais, preservando o meio ambiente, a saúde
trabalhador rural e consumidor final é condição mínima para o sucesso em campo.
*Marcelo Poletti é
Engenheiro Agrônomo com doutorado em Entomologia, sócio fundador e CEO da
Promip, empresa de biotecnologia pioneira na fabricação de produtos biológicos
e serviços especializados para programas de manejo integrado pragas
**PiaR Comunicação
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