Votar para mudar
*Reinaldo Dias
Se aproximam as eleições municipais, momento crucial para a
mudança na política nacional. Os próximos dias serão importantes para pensar,
refletir e analisar as implicações do gesto, aparentemente simples de votar,
mas que influenciará a vida de toda uma população nos próximos anos.
As eleições deste ano têm que ser úteis e resultar em algo
importante. Serão renovadas as prefeituras e as câmaras municipais. Muito
poderá ser feito e o Brasil não pode se dar ao luxo de permitir que seja
somente mais uma eleição e outra oportunidade perdida.
Há uma crise que ameaça provocar uma desconexão da
representação política com a sociedade, que pode levar o eleitor a cumprir o
dever de votar como obrigação, não como direito, escolhendo aqueles menos aptos
ao exercício da política e provocando um novo ciclo de renovação perversa, onde
os maus são substituídos pelos piores e assim sucessivamente.
Seria a expressão da desilusão, não somente em relação aos
principais partidos nacionais, em sua incapacidade de fazer política de alto
nível, voltada para os interesses da população, mas também ao desencanto
proporcionado pelos muitos novos partidos e candidatos que se apresentam com
propostas fragmentadas e que não sensibilizam grandes grupos de eleitores.
Atualmente, mesmo aqueles que ambicionam representar a indignação não se
mostram capazes de fazer política se isolando em nichos minúsculos, pouco
representativos e que contribuem decisivamente para a manutenção do status quo.
A passividade dos cidadãos provém da desilusão. A cada nova
eleição se renovam as expectativas, mas os novos eleitos em geral, com honrosas
exceções, acabam se rendendo às velhas práticas políticas.
Ao longo dos anos o eleitor tem demonstrado uma irritação
contida que aparenta passividade, mas que revela na verdade um descrédito
generalizado da representação política. A indignação se dispersa nas redes
sociais, ao invés de ser canalizada em manifestações mais concretas.
A impressão que passa é que a política e a sociedade formam
dois mundos distintos e não relacionados entre si, e cada vez mais distantes um
do outro. É preciso evitar que isso aconteça, pois caso contrário nossa vida
cotidiana será prejudicada. E pior ainda, o ceticismo e a desconfiança
disseminados podem servir de caldo de cultura para o surgimento de fenômenos
contrários ao sistema democrático.
Essa é a importância de votar, sem deixar de refletir muito
bem sobre todos os candidatos. O exercício do direito de voto implica uma
decisão racional e individual, que deve levar em conta os interesses coletivos
da população. A eleição municipal, deste ano, coloca em jogo o futuro do país.
É nas eleições municipais que se formam lideranças, que num futuro próximo
ascenderão a postos mais altos dos poderes legislativos e executivos. Logo, ao
exercer seu direito de voto o cidadão deve observar com cuidado a biografia do
candidato e também daqueles que o acompanham – assessores, técnicos,
colaboradores – antes de se decidir pela proposta de programa mais adequada
para o seu município, seu bairro ou região.
*Reinaldo Dias é
professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas. Doutor em
Ciências Sociais, Mestre em Ciência Política pela Unicamp e especialista em
Ciências Ambientais.
**Ricardo Viveiros
& Associados – Oficina de Comunicação
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