Superar os limites é essencial, mas
sem riscos
Síndrome do Excesso de Treinamento
(SET) pode ser crucial à saúde cardiovascular dos atletas, principalmente dos
portadores de deficiência
Desde o último dia 7 até o dia 18 deste mês, o
Brasil realizará os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro. Atletas de diversos
países e nacionalidades disputarão medalhas nas mais variadas modalidades.
Embora a
prática esportiva seja importante para a saúde, são fundamentais os cuidados e
métodos preventivos, principalmente os que dizem respeito ao coração, pois
propiciam mais segurança ao atleta profissional ou amador na prática de suas
atividades físicas.
De acordo
com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares matam
17,5 milhões de pessoas por ano. Segundo dados da Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo (SOCESP), presume-se que ocorram 720 paradas cardíacas no
Brasil, todos os dias. Em média, uma morte ocorre a cada minuto e meio.
Diante desse
quadro, cada vez mais, é importante que sejam tomadas medidas preventivas e a
conscientização sobre práticas degenerativas, reduzindo-se assim a incidência
do número de mortes por doenças cardiovasculares.
Segundo o
cardiologista e presidente da Regional ABCDM da Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo (SOCESP), Rogério Krakauer, independentemente da
nacionalidade, condições sociais e culturais, gênero, dentre outros fatores, as
doenças cardiovasculares, de maneira geral, acometem pessoas que acumulam
fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol e
triglicérides alto, tabagismo, apneia do sono, obesidade, sedentarismo,
antecedentes familiares de doenças cardíacas e abuso na intensidade da
realização de exercícios e treinamentos físicos.
O médico
ressalta que, na tentativa de chegar ao ápice, superando metas, alguns atletas
profissionais ou amadores tendem a exagerar, o que pode ser prejudicial à
saúde.
"Muitos
atletas, principalmente paralímpicos, desenvolvem a chamada Síndrome do Excesso
de Treinamento (SET), que ocorre quando o indivíduo desenvolve várias
alterações fisiológicas e anatômicas, lesões no músculo cardíaco, batimentos
cardíacos elevados ou irregulares, mesmo em repouso, um crescimento anormal do
tamanho do coração, cansaço exagerado e insônia, devido ao excesso de
treino".
O
cardiologista é enfático quando afirma que, para reduzir os riscos
cardiovasculares, as pessoas que praticam esportes, principalmente os
portadores de alguma deficiência física, devem preocupar-se com o peso,
alimentação, sono e praticar atividades físicas regulares, mas sem excesso.
"As
atividades mais indicadas são aquelas que permitem um aumento progressivo da
frequência cardíaca, até atingir 60% a 85% da frequência cardíaca máxima,
determinada pela idade ou por exames, como o teste ergométrico em esteira ou
bicicleta, por exemplo. A frequência média deve ser de 5 a 7 vezes por semana.
Os portadores de deficiências físicas, a exemplo do que vemos na Paralimpíada,
têm condições, adaptando os exercícios, de atingir essas metas, sendo
vitoriosos e ao mesmo tempo saudáveis”.
A diretora
do Departamento de Educação Física da SOCESP, Camila Jordão, ressalta que, a
adaptação de certos aparelhos ou jogos à determinada deficiência possibilita a
prática esportiva saudável, atuando na redução do sedentarismo e de outros
fatores de risco cardiovasculares. "Um bom exemplo pode ser observado nos
jogos paralímpicos, nos quais os esportes são adaptados às deficiências, e os
atletas acabam tendo um desempenho até maior do que indivíduos sem
deficiência”. Ela afirma que, longe do coitadismo e descrédito imposto por
algumas pessoas, os atletas paralímpicos são capazes de realizar grandes
performances.
"Os
portadores de deficiência devem fazer uma avaliação médica para diagnosticar
possíveis fatores de risco ou doenças cardiovasculares que possam limitar a
intensidade do exercício. Para a prescrição de atividades aeróbias é importante
que seja realizada uma avaliação cardiopulmonar máxima, de preferência com o
ergômetro que será realizada a atividade física, o que individualizará a
prescrição. O que devemos ter em mente é que adaptar o tipo de atividade à
rotina e a deficiência do indivíduo é de extrema importância para minimizarmos
os obstáculos diários, pois a atividade física é importante para a qualidade de
vida de todos”.
*Ricardo Viveiros & Associados
Nenhum comentário:
Postar um comentário