O que de fato um prefeito pode fazer
*Roberto Folgueral
Diante de
tanta propaganda enganosa, obrigo-me a alguns esclarecimentos na tentativa de
auxiliar na decisão de quem votar nas próximas eleições, deste ano. Todos nós
conhecemos a escassez de recursos em nossas vidas. Nunca conheci ninguém que
afirmasse a sobra de recursos financeiros.
Portanto,
sendo o Estado a reunião de todos nós, não poderia ser diferente: AUSÊNCIA
TOTAL DE RECURSOS FINANCEIROS, nas suas três esferas, Municipal, Estadual e
Federal. No caso presente, das eleições deste ano, as municipais, essa
realidade é TOTAL!
As
Prefeituras brasileiras, em sua totalidade, são vitimas das regras que definem
a distribuição dos tributos entre os municípios, os estados e a união, que
denomina-se "PACTO FEDERATIVO" desconhecido por quase a totalidade
dos candidatos.
Esse Pacto
Federativo definido na Constituição Federal de 1988 como cláusula pétrea em seu
artigo 60 parágrafo 4º, Inciso I, acabou por concentrar os recursos originários
da arrecadação tributária, aos cofres do governo federal, da União, cabendo lembrar aqui, que
as contribuições, como por exemplo PIS/COFINS, não integram a base para a
distribuição do Pacto Federativo, ou seja, NÃO SÃO DISTRIBUÍDOS AOS MUNICÍPIOS
(será que os candidatos sabem disso?)
Assim, a
maioria dos municípios dependem exclusivamente dos recursos repassados pela
União e os Prefeitos são meros gestores de políticas públicas definidas e
financiadas a partir dos interesses de Brasília.
Isto posto,
o eleitor deve ter a sua atenção centrada no discurso do candidato a Prefeito,
pois caso ele, o candidato a Prefeito, não informar de onde virá ou qual a
origem dos recursos financeiros para tornar realidade o que promete, ELE ESTARÁ
MENTINDO e assim, não deve merecer o seu voto, pois ou ele esta mal
intencionado ou mal preparado para a função!
A transição
que estamos passando, para um Brasil real, que alguns ainda insistem em chamar
de crise, o modelo de federalismo brasileiro oferece um espaço muito pequeno
para os Prefeitos e Vereadores, prometerem realizações, desconhecendo a real
situação financeira do município, do estado e da União, duvido que conheçam de
fato a real situação.
O Candidato
HONESTO, não pode afirmar ou prometer que vai inovar na gestão das políticas
públicas, em razão das várias e complexas restrições existentes. Administrar o
município com pouco dinheiro e ações limitadas. Essa é a realidade da maioria
das prefeituras brasileiras, vítimas das regras que definem a distribuição dos
impostos entre os estados, municípios e União, o chamado pacto federativo.
No Brasil,
esse pacto foi definido pela última vez na Constituição de 1988 e levou a uma
grande concentração de recursos nos cofres do governo federal. Com isso, muitas
prefeituras dependem de recursos da União e funcionam como meros gestores de
políticas públicas definidas e financiadas a partir de Brasília.
Essa
situação deve fazer o eleitor redobrar a atenção com as promessas feitas nas
eleições de outubro. É fundamental que o candidato diga de onde vai tirar a
verba para tornar realidade aquilo que promete. Portanto, prometer realizar
algo, sem informar a fonte e a origem dos recursos financeiros é MENTIRA!!
A União,
pelo Pacto Federativo, está com o dinheiro, porém as obras estão
descentralizadas e são distribuídas aos "apaniguados" através de
CONVÊNIOS. É inexistente a possibilidade de se encontrar alternativas, para a
recomposição do caixa municipal, dados do IPEA, informam que 90% dos municípios
brasileiros dependem do governo federal para pagar as suas contas de forma
adequada.
Os critérios
para distribuição dos recursos do FPE (Fundo de Participação dos Estados) e do
FPM (Fundo de Participação dos Municípios) são: índices populacionais ou por
programas do governo federal como, por exemplo, os programas habitacionais.
Devemos entender que vivemos nos municípios e não nos estados ou no país, mas
em contrapartida os municípios ficam apenas com 20% do total arrecadado, os
estados com cerca de 23% e o saldo, 57% com a União.
Em 2015, a
arrecadação foi algo em torno de R$ 1 trilhão, considerando que existem cerca
de 5.700 municípios em nosso país e apenas 20% é destinado a eles, fica muito
fácil o entendimento da ausência de recursos e a imensa dependência dos
municípios do governo central. Esse é o nosso grande problema: O PACTO
FEDERATIVO, que muitos, infelizmente desconhecem.
Destarte, os
orçamentos municipais são extremamente engessados, não deixando espaço para
investimentos, considerando que os prefeitos obrigam-se a aplicar, por força de
Lei, 25% na Educação, 15% na Saúde e pelo menos 1% em Assistência Social. Ao
considerarmos um comprometimento máximo de 50% em Folha de Pagamentos e à
Previdência Social do funcionalismo público, sobra quase nada para a geração de
investimentos e em infraestrutura.
Assim as decisões
sobre os orçamentos municipais, que são extremamente afetados pela legislação,
não podem e de fato não o são objetos nem do Senhor Prefeito e tão pouco do
Senhor Vereador.
Diferente
disso, É MENTIRA!!!!!
* Roberto Folgueral é
contador e diretor da FCDLESP - Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do
Estado de São Paulo.
**Agência Contatto
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